São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Arnaldo Cohen toca hoje no Municipal

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Por pouco o Exército Republicano Irlandês não interfere na apresentação que o pianista Arnaldo Cohen realiza hoje, inaugurando a temporada de 1994 dos Patronos do Teatro Municipal de São Paulo.
Morando em Londres, Cohen deveria vir ao Brasil num dos vôos impedidos de sair do aeroporto de Heathrow no domingo, por causa das ameaças de bombas do IRA. Apesar da viagem que o obrigou a ficar dois dias em trânsito, Arnaldo chega em plena forma para interpretar Chopin, Debussy e Liszt.
Embora já tenha realizado mais de 1.500 concertos nas salas mais importantes do mundo, durante 22 anos de carreira internacional, Arnaldo Cohen nunca se apresentou no Teatro Municipal de São Paulo. "Sendo brasileiro, estou especialmente emocionado", comenta. Carioca de Copacabana, Cohen já foi considerado o sucessor de Horowitz por Yehudi Menuhin.
Neste ano, além de turnês que incluem a República de San Marino, único país da Europa onde nunca se apresentou, Cohen se prepara para estrear como regente no Brasil, num concerto programado para maio, em Porto Alegre. Ele garante que a recente atividade como maestro será esporádica, exercida paralelamente à carreira de pianista –assim como as master classes que realiza na Royal Nothern Colleg of Music.
Recitais com a Hallé Orchestra, a Het Risidentie de Haya e a London Symphony são alguns de seus próximos compromissos. As performances com grupos de câmara continuam, menos com o Amadeus Ensemble, antigo e respeitável quarteto que virou trio depois da morte de um de seus integrantes e que acaba de se dissolver. "Aprendi muito com o Amadeus", ele reconhece, agora envolvido com novas formações como os Quartetos Lindsay, Orlando, Van Brugh e Chilingirian.
Para o concerto de hoje, Cohen selecionou obras de contraste. De Chopin, ele interpreta tanto a popularíssima "Polonaise Op. 53" como dois "Noturnos" quase desconhecidos, que foram encontrados na Biblioteca de Varsóvia em 1938, 89 anos após a morte do compositor. Do músico polonês, há ainda a "Balada nº 2 Op. 38" e o "Scherzo nº 4 Op. 54".
Na segunda parte do programa, Cohen toca três peças da série "Images", de Debussy e sua especialidade –o compositor Liszt, de quem escolheu "Funérailles" e "Rhapsodie Espagnole".
Depois de Arnaldo Cohen, a programação organizada pelos Patronos do Teatro Municipal de São Paulo prossegue com a Orquesra de Câmara Franz Liszt de Budapeste, que terá como solista o violinista Isaac Stern (dias 2 e 4 de maio). Em agosto e setembro os Patronos trazem a Orquestra Sinfônica Varsóvia, sob regência de Penderecki e com solo do pianista Vladimir Viardo, e a Orquestra Nacional de Lille, acompanhada do maestro Jean-Claude Casadesus e a mezzo-soprano Beatrice Uria Monzon.

Recital: Arnaldo Cohen
Quando: hoje, às 21 horas
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (praça Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 222-8698)
Quanto: CR$ 600,00 a CR$ 12.000

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