São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Crianças com paralisia cerebral usam PC

DA REPORTAGEM LOCAL

Computadores ajudam na terapia de portadores de paralisia cerebral, deficiência provocada, na maioria dos casos, por problemas do parto (o bebê fica sem oxigênio no cérebro por instantes), traumatismo craniano ou meningite.
"Muita gente acha que deficiência motora é sinônimo de deficiência mental", diz Débora Ricco, coordenadora pedagógica da escola Quero-Quero. Dos 40 alunos da escola, nove usam computador.
São micros XT, sem disco rígido, que funcionam com o software "Comu". Criado pelo engenheiro Jean Michalaros, o programa é um editor de textos com alfabeto, números e dicionário de palavras. Uma placa especial faz a conexão com aparelhos que permitem o uso por movimentos de cabeça, de pressão ou ópticos.
"Cada aluno tem seu próprio disquete, para arquivar suas redações", diz Helena Panham, fonoaudióloga da Quero-Quero. "Mas, esses micros são muito lentos."
Alguns têm bastante desenvoltura com os velhos PC XT. É o caso de Joelmir, 21, que instala e usa diariamente o processador de textos "Redator", em que escreve histórias. Sandra Mara, 16, usa o "Comu" e Maristela, 19, faz cartões, convites e folhetos.
Outros, como Ana Lucia, 23, e Dado, 24, usam uma prancha eletrônica –sistema computadorizado que funciona por varredura de símbolos e palavras e tem uma pequena tela de cristal líquido. Da prancha saíram os três livros que Ana Lucia tem publicados e cerca de 120 poesias de Dado.
Na Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD), 300 alunos frequentam o Centro Educacional, reconhecido pelo Ministério da Educação. Desde o ano passado, 12 computadores estão ajudando na alfabetização de crianças com deficiências físicas, 70% delas com paralisia cerebral.
"Se tivesse mais dinheiro, compraria mais computadores", diz Ivan Ferraretto, médico e diretor clínico da AACD. Os programas foram criados com auxílio do setor de psicopedagogia da AACD em conjunto com a Unicamp. (Sonia Romério)

ONDE SABER MAIS
AACD: tel. (011) 575-4577; QUERO-QUERO: tel. (011) 62-4674

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