São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Estilo Fleury

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fleury pensa que esqueceram dele. Com a avalanche de comerciais sobre a hidrovia do Tietê, ele pensa que ninguém mais se lembra do massacre do Carandiru. Só isso para explicar uma frase como aquela que foi soltar no Jornal Bandeirantes, em crítica ao governador Ciro Gomes, que conseguiu libertar d. Aloísio Lorscheider.
"Cada um tem o seu estilo de fazer. Cada um tem a sua maneira de agir. Eu jamais daria arma para bandido."
Claro que não. É bem conhecido o que Fleury faz com bandido, sobretudo bandido preso. Não precisa nem ter refém na história. Basta reclamar que a tropa de choque entra atirando e mata 111. No caso, importa bem pouco a vida de d. Aloísio. O qual, aliás, deve parecer um perigo, pois recupera bandidos, em vez de matá-los.
Calvário
Por falar em d. Aloísio, o Aqui Agora e o Jornal Nacional juntaram forças para transformar o cardeal em santo.
O primeiro anunciava, anteontem: "Calvário de d. Aloísio – Cardeal dos pobres cai na mão de marginais." Ontem, não deixou por menos: "Fim do calvário – Cardeal dá os detalhes do suplício."
O segundo foi contido nas palavras –ainda que afirmasse sem parar o reconhecimento docardeal– e concentrou-se na imagem de d. Aloísio, abatido, tendo a mão beijada de repente por uma mulher humilde.
Hebe
Hebe Camargo, que foi avisada em pleno "Onze e Meia" de que haviam desistido do processo contra ela, chorou de novo. Antes, porém, o terror dos políticos brasileiros fez mais uma vítima. Sem ninguém perguntar, anunciou que não vai apoiar Paulo Maluf.
"Não apóio. Deixar a prefeitura para ser candidato a presidente eu não apóio, porque votei no Maluf para ser prefeito por quatro anos. Não posso concordar com um ano só de mandato, com largar São Paulo do jeito que está, sem terminar tudo o que ele começou."
Quórum
Os senhores que ameaçavam processar Hebe Camargo continuam os mesmos. "Deputados aumentam o próprio salário", anunciou a manchete do Jornal Nacional, com uma ponta de crítica. "Para alguns assuntos não falta quórum", reclamou Francisco Pinheiro, do Jornal Bandeirantes. "Quer saber de uma coisa... é uma vergonha", encerrou Boris Casoy.

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