São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Disputa do PSB pelo vice chega a Lula

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Já chegou ao PT a disputa interna do PSB pela vice-presidência na chapa que será encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva. Lula defende o nome do senador José Paulo Bisol (RS), que é vetado peo deputado federal Miguel Arraes (PSB-PE). Ontem, o prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PSB), foi ao escritório de Lula em São Paulo para sentir a disposição do petista em cacifar seu nome. Lessa saiu sem aval ou apoio.
Quase toda a reunião de anteontem entre Lula e Arraes foi consumida pela tentativa de Lula de convencer Arraes a aceitar Bisol. Inútil. Arraes, que controla o PSB, não esqueceu a atuação do senador gaúcho na CPI do Orçamento. Para Arraes, Bisol tentou envolvê-lo com a empreiteira Norberto Odebrecht. Nas conversas com a direção petista, Arraes sugeriu que o companheiro de chapa de Lula seja Célio de Castro, vice-prefeito de Belo Horizonte.
Um dos trunfos de Lessa é o fato de a vice-prefeita de Maceió, Heloísa Helena, pertencer ao PT. Se Lessa deixasse o cargo, o PT passaria a controlar sua primeira prefeitura de uma capital nordestina. Mas Lula ainda pretende fazer um último esforço para vencer a resistência a Bisol e deixa correr solta a possibilidade de o deputado federal Roberto Freire (PPS-PE) ser seu vice. Esta última hipótese é a mais improvável.
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), é um dos próximos alvos do PT dentro da política de fazer alianças com "setores" de outras legendas. Apesar das restrições que Requião enfrenta do diretório petista do Paraná e da ortodoxia do partido, Lula acha que pode cooptá-lo para sua campanha. O raciocínio é que o governador não irá apoiar Orestes Quércia, caso este seja o candidato do PMDB ao Planalto.
O PT também acha Requião não estaria disposto a caminhar com Fernando Henrique Cardoso, por causa de suas declarações contra o plano econômico do ministro. A abordagem do governador paranaense deverá ser feita diretamente por Lula, que está cada vez mais preocupado com o perigo de o arco de apoio à sua candidatura limitar-se aos partidos de esquerda.
O pragmatismo tambem pode estender a tentativa de cooptação a João Durval Carneiro (PMN), líder na pesquisa do Datafolha da corrida pelo governo baiano. Durval já sinalizou ao PT que não está fechado ao entendimento. Aí aparecem dois problemas: a hostilidade do PT da Bahia a Durval e a preferência em aliar-se ao PSDB, naquele Estado, caso os tucanos locais não aceitem a aliança nacional entre PSDB e PFL.

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