São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Ministro deve indicar sucessor

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco decidiu que, quando o ministro Fernando Henrique Cardoso deixar o governo para concorrer à sucessão presidencial, irá deixar ao critério de FHC a escolha de seu sucessor na Fazenda. A informação é do líder do PP na Câmara, Raul Belém (MG), amigo íntimo do presidente. "Todas as vezes em que estive com Itamar, ele reafirmou que o ministro é quem escolherá seu sucessor", disse Belém.
Segundo o deputado, o presidente decidiu não interferir na escolha do sucessor de FHC para depois não ser responsabilizado por um eventual fracasso do plano econômico ou da candidatura do ministro à Presidência da República. "O presidente sabe que, se escolhe o sucessor de FHC e o plano dá errado, vão querer atribuir a ele a responsabilidade."
Belém disse que Itamar aposta na candidatura FHC e em uma aliança entre o PSDB, uma parcela do PMDB, o PFL, o PP e o PTB e não fará nada que possa "arranhar esses planos". segundo Belém, Itamar tem repetido: "O ministro terá todo o meu apoio."
"Basta o ministro dizer que quer o Pedro Malan (presidente do Banco Central) como seu substituto e o presidente irá nomeá-lo na hora", disse Belém. Malan é o nome predileto de FHC, mas o chamado "grupo palaciano" de assessores do presidente defende a escolha do embaixador Rubem Ricúpero, ministro da Amazônia e Meio Ambiente.
O temor dos articuladores do governo no Congresso –que defendem que FHC faça seu sucessor– é que Itamar se irrite com o fato de o nome de Malan já estar sendo dado como certo e acabe não nomeando o presidente do Banco Central. "O presidente costuma ficar irritado quando vê ministros nomeados pela imprensa", afirma o líder do governo no Congresso, Pedro Simon (PMDB-RS).
Preocupados com uma provável reação de Itamar, os articuladores políticos do governo começaram ontem mesmo a tentar desfazer qualquer imagem de que Malan já esteja escolhido. "Calma, não se sabe ainda sequer se o ministro vai mesmo deixar o cargo", disse o líder do PSDB no Senado, Mário Covas (SP).

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