São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Entidades fantasmas

GINO PEREIRA DOS REIS

A Federação de Obras Sociais (FOS) fundada em 1963 para reunir entidades filantrópicas que atuem no campo social, congregando-as e apoiando-as em suas atividades no encaminhamento de soluções aos problemas da comunidade, com 1.300 entidades filiadas na Grande São Paulo, vem a público repudiar as ações criminosas que a CPI da Corrupção trouxe à tona sobre a distribuição de subvenções a falsas entidades, fundadas e controladas por alguns políticos inescrupulosos, seus familiares ou funcionários.
Não bastasse o enorme prejuízo causado à imagem das entidades idôneas, pela divulgação de ações criminosas que a CPI do Orçamento levantou sobre a distribuição de subvenções a falsas entidades, no dia 29 de dezembro passado o Conselho Nacional de Serviço Social, por sua resolução nº 59, divulgou no Diário Oficial da União uma relação de 3.200 entidades que tiveram seus registros cancelados, sob a alegação de não terem prestado contas de subvenções recebidas em exercícios anteriores.
A Federação de Obras Sociais realizou minucioso trabalho de auditoria na documentação de suas 20 entidades filiadas que constam da relação, concluindo que 18 delas apresentaram comprovantes de terem prestado contas pontualmente e duas comprovaram que nada receberam como subvenção política, nos exercícios mencionados na resolução 59.
Isso somente pode ter ocorrido por desorganização do CNSS, prejudicando entidades que viram injustamente seus nomes incluídos no rol das que, pelo menos, são negligentes no cumprimento de suas obrigações.
No Brasil, cerca de 90 mil entidades particulares prestam inestimáveis serviços às populações carentes, nas periferias e nos grandes e pequenos centros urbanos. São creches, lares para idosos, assistências ao menor e aos deficientes físicos e mentais; são ambulatórios, hospitais, centros de tratamento e de prevenção à Aids e às drogas; são dispensários, escolas e todos os demais serviços sociais a quem deles necessita.
No seu comando estão abnegados e altruístas voluntários, que nada têm a ver com o chamado "escândalo do orçamento". Não é justo, pois, que se faça confusão entre os bons e os "rapinadores". Não é justo, pois, que as verdadeiras obras filantrópicas sejam confundidas com as entidades "fantasmas", estas sim envolvidas em desvio do dinheiro público.
Punir os infratores é indispensável, mas, também, não podem ser toleradas tão graves injustiças como essas, que denigrem a imagem das entidades sérias que cumprem rigorosamente o seu papel social.

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