São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Lei barra investimento do setor de farmácias

Redes planejam investir US$ 3 milhões neste ano

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Três das grandes redes de farmácias do país –Drogaria São Paulo, Drogão e Droga Raia– estão planejando investir pelo menos US$ 3 milhões neste ano para instalação de novas lojas em São Paulo e interior do Estado.
Este valor poderia ser o dobro, informam os representantes delas, se não existisse a lei de zoneamento 10.991, de junho de 1991, que impede a instalação de uma farmácia em um raio inferior a 200 metros de uma já existente.
Há uma verdadeira guerra entre as grandes redes e proprietários independentes em torno dessa lei. As grandes querem liberdade para ter pontos comerciais onde acham interessantes. Os proprietários independentes -geralmente são donos de uma só farmácia– brigam para que a lei seja respeitada e mantida. Para eles, concentração de farmácias não ajuda o consumidor. Elas devem estar descentralizadas. Para as grandes, a concentração é salutar porque acirra a concorrência, o que resulta na queda de preços.
Para não perder pontos que consideram importantes, as grandes redes estão abrindo farmácias homeopáticas –estas estão excluídas da lei. A Drogaria São Paulo, por exemplo, que tem 102 lojas, já tem nove farmácias homeopáticas na capital. Essa loja tem que ter um laboratório de 12 metros quadrados e aparelhos para manipular os produtos.
"Elas estão sendo instaladas há dois anos por causa da lei de zoneamento", diz Ronaldo José Neves de Carvalho, presidente da Drogaria São Paulo e da Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias). Para 1994, a empresa programa abrir dez novas lojas, o que demandaria investimentos da ordem de US$ 1,5 milhão. O Drogão, com 55 lojas no Estado de São Paulo, também abriu farmácias homeopáticas. Em três anos, conta Nelson Luiz Guimarães de Paula, gerente de marketing, a empresa instalou três farmácias homeopáticas em São Paulo.
Para este ano, o Drogão planeja abrir cinco lojas, que devem demandar investimentos da ordem de US$ 500 mil. "Gostaríamos de abrir dez. Mas fica difícil com a lei de zoneamento." Para ele, há carência de farmácias em São Paulo. Quem tem a mesma opinião é Rosalia Pipponzi, diretora da Droga Raia, com 51 lojas em São Paulo, litoral e interior do Estado. O plano da empresa, conta ela, é abrir oito lojas este ano. Mas isso depende da lei de zoneamento.
A Droga Raia, nos últimos dois anos, instalou quatro farmácias homeopáticas que podem comercializar também produtos alopáticos e de perfumaria.
Uma farmácia homeopática, conta ele, custa entre 10% e 15% mais do que uma alopática. Para este ano, a Droga Raia planeja investir US$ 1 milhão em novos pontos.
Pedro Zidoi, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, diz que o setor vai continuar abrindo processo para impedir a concentração das farmácias. Zidoi lidera a campanha a favor da lei 10.991.
Plantão
A lei 8.794, de outubro de 1978, que obriga os estabelecimentos a fecharem suas portas aos sábados, das 13h às 21h, e aos domingos e feriados, das 8h às 21h, o que leva a um rodízio entre as drogarias.
As grandes são contra os plantões dos finais de semana. Os independentes são favoráveis. Mas, desde 15 de dezembro, as farmácias das grandes redes estão abrindo por um período experimental de 120 dias –termina dia 15 de abril. A briga entre as grandes e os pequenos está agora na continuidade ou não dessa autorização. (Fátima Fernandes)

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