São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Indy começa hoje com treinos na Austrália

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nigel Mansell contra o resto. O Mundial de Fórmula Indy que começa esta noite, com os primeiros treinos para o GP da Austrália em Surfer's Paradise, vai ser a corrida do gato contra os ratos. O inglês chegou à categoria no ano passado e desbancou os locais com cinco vitórias e o título. Foi a confirmação da tese difundida na Europa, de que pilotos de F-1 colocam o pessoal da Indy no bolso. Os "ratos" têm a obrigação, em 94, de desmentir a máxima.
São cinco os pilotos que vão se engalfinhar para derrotar Mansell. Três deles pertencem à mesma equipe e isso pode ajudar o britânico. A Penske resolveu montar uma espécie de "dream team", com Emerson Fittipaldi, Paul Tracy e Al Unser Jr. A dispersão de energia no time será inevitável. A Penske fez o mesmo em 90, com Fittipaldi, Danny Sullivan e Rick Mears, e perdeu o campeonato.
O trio, de qualquer forma, tem um currículo invejável. Emerson foi campeão em 89 e ganhou duas vezes as 500 Milhas de Indianápolis. Unser Jr., campeão de 90, venceu as "500" em 92 e é chamado de "Mr. Consistency", o piloto mais consistente da Indy, aquele que nunca quebra, abandona ou bate. Completa o time o canadense Tracy, cinco vitórias em 93, o sujeito mais rápido que apareceu na América nos últimos anos.
Os outros dois candidatos a bater em Nigel são Bobby Rahal e Michael Andretti. Ambos iniciam o campeonato apostando em novidades. Bobby, campeão de 92, terá em seu Lola os estreantes motores da Honda. Nos primeiros testes, o propulsor não causou suspiros de admiração. Mas o H do logotipo japonês tem bons antecedentes em competições. Basta lembrar o domínio que impôs à F-1 de 87 a 91.
Ocorre que a Honda da Indy tem pouco a ver com o Oriente. Seu projeto de Indy está sendo tocado pela filial norte-americana da marca. Os japoneses, claro, supervisionam tudo. Rahal, que tem concessionárias Honda nos EUA, sabe que a qualquer sinal de debilidade a matriz vai sair em seu socorro.
Andrettinho, por sua vez, volta à Indy com a missão de provar que não acabou para o automobilismo depois da trágica passagem pela F-1 no ano passado. Sua equipe, a Chip Ganassi, terá os novíssimos chassis ingleses Reynard. São bons, como Michael também foi enquanto guiou nos EUA. A questão é saber se o trauma da McLaren já passou.
Além de Emerson, mais três brasileiros estão inscritos para o Mundial que começa na madrugada de domingo na Austrália. Dois deles devem fazer um bom papel. Raul Boesel, da Dick Simon, fez um bom campeonato em 93, mas carrega o estigma de não ter vencido nenhuma corrida até hoje.
O outro é Maurício Gugelmin, que disputou três provas no ano passado e acertou com a Chip Ganassi para ser companheiro de Andrettinho. Entrou na Indy pela porta certa. Maurício é um daqueles pilotos à moda antiga, que conhece carros, sabe identificar problemas e resolvê-los.
O terceiro é Marco Greco, da Arciero Racing. Ex-motociclista, Greco faz sua segunda temporada na Indy e deve terminar o ano como em 93: incógnito.

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