São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Time não vai variar tática nesta Copa, diz Parreira

HUMBERTO SACCOMANDI
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Time não vai variar tática nesta Copa,diz Parreira
O Brasil não vai modificar sua escalação dependendo do adversário e não entrará em campo com três atacantes em nenhuma partida. Foi o que disse ontem à Folha o técnico Carlos Alberto Parreira. Ele assistiu ontem no Cairo ao empate em 0 a 0 entre Egito e Camarões, um dos adversários do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo.
"Variar a formação do time é apenas uma teoria. Ela foi pouco praticada e com resultados duvidosos", disse Parreira. O treinador acredita que o Brasil deve praticar o mesmo estilo de jogo durante todo o torneio, independentemente do adversário.
"Os europeus estão adorando essa idéia de o Brasil jogar com quatro ou cinco atacantes. Estão adorando por que eles querem ver a gente fora o quanto antes. Mas eu quero ficar até o fim nos Estados Unidos", afirmou Parreira.
Parreira usou as últimas apresentações do Palmeiras em sua defesa. Ele afirmou que contra o São Paulo a equipe de Vanderley Luxemburgo entrou com três atacantes (Edmundo, Evair e Rincón), perdeu o meio de campo, foi dominada e perdeu a partida.
Já contra o time argentino do Boca Juniors, Luxemburgo reforçou o meio-campo. "Mazinho, Cesar Sampaio e Amaral ficavam mais atrás. Edílson e Zinho também voltavam para ajudar. Ficava somente o Evair na frente. Assim o Palmeiras fez seis gols e poderia ter ganho de mais", disse Parreira.
O técnico brasileiro aproveitou a menção ao Boca para criticar seu colega argentino, Cesar Menotti. Em São Paulo o treinador do Boca disse que o Brasil não deveria imitar a Alemanha. "Isso é um absurdo. A Alemanha joga com líbero, num 5-3-2. O Brasil joga com quatro na defesa, em linha", disse.
A dupla Palhinha-Raí, campeã mundial interclubes há dois anos pelo São Paulo, está definitivamente com problemas. Depois da polêmica envolvendo Raí, Carlos Alberto Parreira admitiu ontem que Palhinha não está bem tecnicamente e por isso não foi convocado para jogar contra a Argentina.
Parreira não quis justificar outras ausências. Disse que a partida amistosa contra a Argentina servirá para testar alguns jogadores. "Tínhamos que manter uma certa base para não desfigurar o time".
"Já conhecemos o Antônio Carlos e o Válber. Não era preciso chamá-los. Mas queríamos dar mais uma olhada no Cléber", afirmou Parreira ontem no Cairo. Do mesmo modo, "não fazia sentido chamar o Taffarel. Se ele viesse seria para jogar".
O treinador afirmou que o grupo para a Copa não está fechado, mas que dificilmente será chamado algum jogador que já não atuou pela seleção. Não haverá novidade absoluta. Sobre o goleiro Dida, do Cruzeiro, Parreira disse que ele tem um futuro brilhante, mas que ainda é muito jovem. "Numa Copa a experiência é importante."
Para a partida contra o Paris SG, em abril na França, a comissão técnica deve dar preferência aos jogadores "europeus".
Apesar da má apresentação de Camarões ontem no empate sem gols diante do Egito, Parreira disse que foi importante ter assistido à partida. "Eles jogam mais fechados do que na última Copa. Jogam com um líbero, mas com os laterais recuados, num sistema híbrido", disse o treinador.
Parreira destacou os jogadores Biyike e Messe com os mais técnicos do time. A jogada mais perigosa são as bolas cruzadas na área. "Não dá para bobear. Eles chegam na área com quatro ou cinco jogadores com mais de 1,85 m."

Texto Anterior: Fórmula Indy começa hoje com treinos para o GP da Austrália
Próximo Texto: Cervejaria pressiona e veta Lei Seca no Mundial
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.