São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Cervejaria pressiona e veta Lei Seca no Mundial

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Comitê Organizador da Copa do Mundo voltou atrás de sua idéia de proibir o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos do Mundial. O presidente do Comitê Organizador, Alan Rothenberg, anunciou ontem em entrevista à imprensa que o consumo será permitido.
Rothenberg mudou completamente de discurso em relação ao assunto. "Não sou partidário da proibição de bebidas alcoólicas nos estádios e acho que podemos manter o controle com as medidas que já foram estabelecidas em cada um dos estádios", disse.
Em fevereiro deste ano, no entanto, Rothenberg enviara uma carta a autoridades das nove cidades-sedes da Copa, em que pedia a proibição pura e simples da venda e do consumo de bebidas alcoólicas, até mesmo fora dos estádios, nos dias de jogos. "Se os torcedores não puderem comprar e consumir livremente bebidas dentro e nos arredores da comunidade antes dos jogos, as chances de termos um evento totalmente livre de incidentes aumentará drasticamente", escreveu Rothenberg na carta.
A mudança de atitude se deve a razões comerciais. Um dos patrocinadores da Copa, a Anheuser-Busch, é um dos maiores fabricantes de cerveja do mundo e reagiu com desagrado à tentativa de proibir o consumo de bebidas. Autoridades de uma das cidades-sedes, Orlando, afirmaram ser impossível controlar os torcedores. A Lei Seca durante a Copa representaria perda de receita para as sedes dos jogos.
Agora, apenas as autoridades locais de cada cidade poderão tomar medidas em relação ao consumo de álcool. Até o momento, não se discutiu nenhuma medida nesse sentido. Durante a Copa de 90, na Itália, os organizadores do Mundial proibiram o consumo de álcool nos 12 estádios que foram utilizados. Em algumas partidas consideradas particularmente perigosas, a venda de bebidas alcoólicas foi proibida em toda a cidade.
O presidente do Comitê Organizador da Copa se recusou a comentar a crise na Fifa, provocada pela disputa pela presidência da entidade. "A eleição será em junho. Só então falaremos a respeito. Só o que posso dizer é que a Fifa fez um trabalho muito bom", limitou-se a dizer.
Rothenberg, no entanto, irritou-se em dezembro do ano passado, quando o presidente da Fifa, João Havelange, impediu que o ex-jogador Pelé participasse do sorteio das chaves do Mundial, em Las Vegas.

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