São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exposição de oratórios leva a religiosidade brasileira a Lisboa

JAIR RATTNER
DE LISBOA

Exposição de oratórios leva a religiosidade brasileira à Lisboa
O Brasil apresenta sua religiosidade na Capital Européia da Cultura. Será inaugurada hoje, em Lisboa, a exposição Objetos da Fé, com 78 oratórios brasileiros da coleção particular de Angela Gutierrez, que saem do Brasil pela primeira vez.
No Museu da Igreja de São Roque, no centro de Lisboa, estarão expostos até 17 de junho, parte dos 120 oratórios da mais importante coleção existente no Brasil. São peças que vão do século 16 até o 20. Os oratórios combinam com o local - uma das grandes igrejas do século 16, com capelas construídas até o século 18.
Muitos deles são peças de arte popular, feitas por gente humilde, em que aparece o sincretismo da cultura brasileira. Entre os mais curiosos encontram-se os que juntam à base da religião católica os sinais dos cultos africanos, como um oratório com uma pomba-gira ou outro em que um Santo Antônio tem um colar de guia feito de miçangas.
Duas peças únicas são os oratórios de autoria de Francisco Xavier das Conchas, um catarinense que trabalhou no Rio de Janeiro entre 1780 e 1820: peças em que pedaços milimétricos de conchas formam centenas de flores.
Segundo Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, o primeiro oratório de Angela foi recebido aos 14 anos de idade. Seu pai -que colecionava antiguidades- deu-lhe um oratório feito dentro de um ovo de ema, com figuras em pedra-talco, mais mole do que a pedra-sabão.
Uma das grandes dificuldades na exposição foi o transporte dos oratórios. "Para os mais frágeis, utilizou-se a mesma técnica empregada no transporte de peças de aviões a jato", conta Adriano, que conseguiu que nenhuma das peças ficasse danificada no transporte.
Já existem convites para a coleção passar por outros museus após a passagem por Lisboa. Um dos primeiros pedidos é o da Casa de las Américas, de Madri. Um dos objetivos de Angela Gutierrez é abrir um museu do oratório, em Belo Horizonte.

Texto Anterior: PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL
Próximo Texto: 'Olho no Olho' mistura futurismo tecnológico com fetichismo primitivo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.