São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Clinton e Rabin pedem à OLP volta ao diálogo

Palestino adverte para impasse; 75 são feridos em Gaza

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, e o presidente dos EUA, Bill Clinton, pediram ontem à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que volte à negociação de paz com Israel. Mas um alto dirigente da OLP disse que Rabin não anunciou concessões e que o diálogo caminha para um impasse.
"Eu chamo o líder (da OLP) Iasser Arafat a retomar as coversações imediatamente e agir como eu: combater o terrorismo como se não houvesse negociações e conduzir as negociações como se não houvesse terrorismo", disse Rabin, em Washington.
"Não devemos deixar os inimigos da paz triunfar. Peço ao premiê Rabin e a Arafat que retomem as negociações o mais rápido possível", disse Clinton.
O diálogo sobre a autonomia palestina está suspenso desde 25 de fevereiro, dia do massacre de Hebron. Para retomá-lo, a OLP exige desarmamento dos colonos judeus e presença de tropas da ONU nos territórios ocupados. Nem Clinton nem Rabin fizeram referências às demandas.
"Estamos desapontados com a posição de Rabin. O governo israelense não respondeu de maneira positiva às nossas exigências", disse Iasser Abed-Rabbo, do comitê executivo da OLP. Segundo a agência "Wafa", Arafat enviou um apelo a Clinton, afirmando que "os EUA devem usar sua influência para salvar o processo de paz".
Arafat também mencionou "dificuldades no Conselho de segurança da ONU". Reunido no dia da chacina, a resolução condenando o incidente deve sair amanhã.
O rabino Moshe Levinger, líder dos colonos de Hebron, disse ontem que o governo israelense não vai retirá-lo da cidade. "Eles não vão acabar com este assentamento, seria um insulto à hitória". Anteontem, Levinger foi preso para investigação.
Estava previsto para ontem, a portas fechadas, o primeiro interrogatório conduzido por um juiz árabe com o chefe do Shin Beth (serviço secreto israelense), cujo nome é mantido em segredo. Ele é acusado de não ter alertado para o perigo representado pelos colonos.
Em Hebron, houve violação do toque de recolher, imposto desde o dia da chacina. De acordo com testemunhas, um palestino morreu em hospital de Hebron com um tiro no pescoço. A rádio Israel informou que três colonos saíram pela cidade atirando e danificando propriedades árabes. O Exército disse estar checando as informações.
Palestinos voltaram a enfrentar o Exército nos territórios ocupados de Gaza e Cisjordânia. Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas a bala. Outras 30 ficaram feridas em combates no campo de refugiados de Jabalya (Gaza), iniciados por causa da morte de um ativista.
Ontem, foram retiradas as tropas de uma base militar israelense no norte da faixa da Gaza. Segundo um porta-voz, "é uma reordenação rotineira".

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