São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Thatcher critica revisão e elogia FHC

Britânica se encontra com parlamentares

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, criticou a decisão do Congresso revisor de não aprovar a proposta de reeleição do presidente da República. Em mesa-redonda com congressistas brasileiros, ontem, em São Paulo, no segundo dia de sua visita ao Brasil, Thatcher afirmou que as constituições não deveriam proibir que alguém seja reeleito quando esse for o desejo da maioria da população. A proibição, disse, engessa as opções populares.
Em entrevista coletiva depois de seu encontro com congressistas, Thatcher disse que o programa de estabilização econômica do ministro Fernando Henrique Cardoso está no caminho certo. Ela afirmou, porém, que a receita para debelar a inflação, adotada em vários países, é amplamente conhecida: controle dos meios de pagamento, com a adequação da oferta monetária à produção nacional, deixando alguma margem para o crescimento da economia.
Para reverter uma situação de inflação elevada, Thatcher sugeriu a adoção do mecanismo do "currency board" (o comitê da moeda), que foi uma das opções estudadas pela equipe econômica do ministro Fernando Henrique Cardoso no ano passado.
Ela disse que esse mecanismo, através do qual a moeda local fica atrelada a uma moeda forte por certo período de tempo, foi usado com sucesso em Hong Kong, na Argentina e no Chile.
Depois de tomarem café da manhã e participarem de uma mesa-redonda com a ex-primeira-ministra britânica, no Maksoud Plaza, um grupo de congressistas brasileiros divergiu sobre a utilização da experiência neoliberal da Grã-Bretanha no país.
O deputado Nélson Jobim (PMDB-RS) afirmou que a experiência de Thatcher em termos de gestão de governo é "importantíssima", destacando o ponto de vista da ex-premiê de que a Constituição não deve ser um elemento de engessamento de planos de governo, mas sim de possibilitar uma administração eficiente.
O deputado Roberto Freire (PPS-PE) disse que seria "mesmice" imaginar que aquilo que pode ter servido à Inglaterra possa servir ao Brasil. "Se falar em um Estado mínimo no Brasil vai contra a nossa realidade, porque nosso Estado já é mínimo e precisamos, talvez, de aumentá-lo nas áreas da dignidade humana, como saúde, educação e seguridade social".

Texto Anterior: REPERCUSSÃO
Próximo Texto: Para os líderes, revisão se inviabilizou
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.