São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Assessores acham candidatura arriscada

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

As pessoas mais próximas do prefeito Paulo Maluf (PPR) acham extremamente arriscado o lançamento de sua candidatura à Presidência da República. Eles acreditam que a dificuldade para conseguir alianças pode comprometer a campanha malufista. Teme-se também um prejuízo eleitoral pelo descumprimento da promessa de ficar até o final do mandato na Prefeitura de São Paulo.
Assessores políticos do prefeito dão como certa uma aliança entre o PFL e o PSDB. Na avaliação dos malufistas, os dois partidos tentariam ainda uma coligação com o PP para lançar a candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Estas alianças inviabilizariam a candidatura de Maluf, que precisaria do apoio do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães (PFL), para melhorar sua votação no Nordeste. Apesar desta análise, o prefeito continua negociando com vários políticos. Esta atitude chega a ser classificada de teimosa por alguns assessores.
Alianças
Os malufistas acham difícil que cada grande partido lance, no primeiro turno, um candidato para discutir as alianças apenas no turno final porque esta tática favoreceria a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A oposição ao candidato petista não teria tempo hábil para superar as disputas regionais geradas na primeira fase da eleição. Além disso, as bases partidárias já estariam desmobilizadas porque os deputados federais e estaduais já estariam eleitos.
Por outro lado, as pesquisas de opinião mostram que Lula tem uma votação bem distribuída pelas regiões do país. A intenção de voto em Lula varia de 27% no Sudeste a 34% no Nordeste, segundo a última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 28 de fevereiro e 1º de março. Este quadro forçaria uma aliança anti-Lula porque nenhum outro candidato tem uma distribuição semelhante. O próprio Maluf oscila entre 8% e 15% (no Nordeste e no Sudeste do país, respectivamente).
PFL
Os malufistas já não acreditam numa coligação com o PFL. Para eles, os tucanos vão conseguir superar a oposição a uma aliança com o partido de ACM, que é mais forte na Bahia e em São Paulo.
Eles consideram que o partido vai conter inclusive a oposição do senador Mário Covas (PSDB-SP) ao acordo com os pefelistas. O raciocínio deles é o de que Covas não tem nada a perder na disputa pelo governo do estado com a aliança e acabaria abrindo mão de sua posição.
Alguns setores também defendem a posição da assessoria de Maluf. O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, por exemplo, defende a permanência do prefeito em seu cargo.
Segundo ele, sua opinião reflete a "média" do pensamento dos comerciantes do Estado. Szajman afirma que Maluf "vem executando um trabalho adequado na cidade". Para ele, o prefeito tem "todas as qualificações e condições" para ser candidato, mas poderia espera um pouco e disputar as eleições em 98.

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