São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Inviabilizada

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo jeito, a revisão já era. Os dois principais correspondentes em Brasília, dos dois telejornais de maior credibilidade, bateram o martelo ontem à noite. De acordo com Fábio Pannunzio, do Jornal Bandeirantes, e Mônica Waldvogel, do TJ Brasil, a revisão seria levada para o ano que vem, sob novo governo e sob novo Congresso. Os atuais tiveram sua chance e deixaram escapar.
"O líder dos tucanos", anunciou Mônica Waldvogel, "vai apresentar um projeto adiando a revisão para março de 95. O projeto já conta com o apoio do PT, do PDT, do PL e deve ganhar mais adeptos. Já existe hoje no Congresso um consenso de que não há clima político para abordar temas polêmicos. As mudanças na Ordem Econômica estão completamente inviabilizadas."
"A crise é muito séria', completou Fábio Pannunzio. "De cara, o projeto já ganhou o apoio de PL, PT e PDT, além do PSDB. E o líder do PMDB, Tarcísio Delgado, disse que há dificuldades intransponíveis para votar qualquer assunto polêmico que diga respeito, por exemplo, à Ordem Econômica. Segundo o líder do PL, a revisão está inviabilizada."
Nem seria preciso, mas fica o registro de que o Jornal Nacional sequer tocou no assunto. Sequer citou a revisão.
Escândalo
Apenas, talvez, aquilo que lembrou o Jornal Nacional, comparando o tratamento que é dado aos salários de parlamentares e ministros do Supremo com aquele dos militares.
Mulher de apache
Roberto Cardoso Alves é um escândalo de político, mas é engraçado. Só ele seria capaz de dizer, no TJ: "Confundem esta casa com mulher de apache. Uma casa sem-vergonha." A intenção era dizer que o Congresso não vai aceitar calado os ataques que está recebendo. Não vai ser mulher de apache, que apanha e fica quieta.
Mas acabou saindo que o Congresso Nacional é mesmo "uma casa sem-vergonha".

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