São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Maluf diz que é candidato e só ele bate Lula

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf diz que será candidato à Presidência e já escolheu o dia em que fará o anúncio formal, em entrevista coletiva: será 28 ou 29 deste mês, cinco ou quatro dias antes do 2 de abril, a data fatal para deixar a prefeitura.
O raciocínio do prefeito aponta uma razão principal para que ele descumpra a promessa de permanecer os quatro anos no cargo para o qual foi eleito em 92: "Se houvesse três ou quatro candidatos em condições de ganhar de Lula, eu ficaria na prefeitura. Mas não é o que acontece e a campanha vai exigir alguém de muita coragem."
Maluf acha que a eleição de 1994 se resume à escolha de quem pode derrotar o virtual candidato do PT. Houve um momento em que o prefeito chegou a admitir que poderia apoiar uma candidatura FHC, se ficasse claro que ela encarnaria melhor o anti-Lula. Depois da pesquisa do Datafolha, publicada domingo, Maluf fez as contas e chegou à conclusão de que é ele o melhor anti-Lula.
"Para enfrentar o Lula, não bastam discurso cor-de-rosa nem sorrisos", afirmou. Na tentativa de desqualificar a candidatura de FHC, disse também que no próprio PSDB existem nomes melhores que o de FHC para concorrer ao Planalto. Não citou ninguém. "Quando Fernando Henrique perder a mídia de ministro, vai cair nas pesquisas", declarou.
"Dos 30 últimos números da Folha, 27 trazem o Fernando na capa. Eu, em contrapartida, só saio quando aumento a tarifa de ônibus. Nessas circunstâncias, é um milagre que mantenha 13% de intenções de voto", desabafou o prefeito ontem junto a seus íntimos.
Para reforçar a sua convicção de que é o verdadeiro anti-Lula, Maluf tem citado resultados eleitorais anteriores, favoráveis a ele, na competição com Lula pelo eleitorado paulista. De memória, o prefeito lembra que, na presidencial de 1989, obteve 3,9 milhões de votos contra 2,9 milhões de Lula.
A contabilidade eleitoral de Maluf inclui um especial agradecimento à candidatura de Orestes Quércia pelo PMDB, o que parece paradoxal, à medida em que o ex-governador paulista, como é evidente, tira votos de Maluf. Ocorre que o prefeito acha que, se Quércia não fosse candidato, haveria uma aliança entre o PMDB e o PSDB e o seu prejuízo eleitoral seria ainda maior do que com a isolada candidatura Quércia.
A questão das coligações está deixando de inquietar Maluf, talvez por ter se convencido de que será difícil fechar um acordo com o PFL. O prefeito prefere dizer, agora, que, mesmo que haja uma coligação entre o PFL e o PSDB, "a cúpula (do PFL) vai para o PSDB, mas as bases ficam com Maluf". De qualquer forma, Maluf está conversando com três líderes do PP: Álvaro Dias, Luiz Antônio de Medeiros e Hélio Costa.

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