São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comitê de bancos apóia acordo com Brasil

FERNANDO CANZIAN; FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

O Comitê Assessor dos Bancos Credores divulgou, em Nova York, às 17h09 de ontem (19h09 de Brasília) comunicado informando à comunidade financeira internacional que o Brasil está disposto a concluir no próximo dia 15 de abril o acordo de renegociação de sua dívida externa.
O "waiver" do Comitê Assessor permite o fechamento do acordo da dívida, de US$ 35 bilhões com os bancos credores privados, sem o aval ("stand-by") do Fundo Monetário Internacional. Este é o valor da débitos que vencem agora. No total, a dívida externa brasileira soma US$ 134 bilhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, capitalizou com discurso de candidato a presidente, em Nova York, a proximidade do fechamento do acordo.
FHC disse que o fechamento do acordo prova que o Brasil é um país "solvente, torna mais plausível o crescimento econômico, diminui o risco Brasil e os juros internacionais para o país". FHC disse que "o fim" do problema da dívida torna mais viável o crescimento do país, e "torna mais forte qualquer candidatura que tenha um programa econômico do tipo que nós propusemos".
Pelo menos dois terços dos bancos credores privados (de um total de 440) devem dar uma resposta positiva para o "waiver" do Comitê Assessor até a próxima quinta-feira, dia 24. Caso isso não ocorra, o Brasil precisará do aval do FMI para concluir o acordo. O comunicado do Comitê recomenda a adesão dos bancos credores.
Na quarta-feira o FMI negou o seu aval para o fechamento do acordo, obrigando o Brasil a apresentar sozinho, sem dinheiro de organismos financeiros internacionais, as garantias exigidas pelos bancos credores. No próximo dia 15 de abril o país deverá provar aos bancos credores que possui US$ 2,8 bilhões em cupons-zero (títulos do Tesouro americano, com prazo de 30 anos e juros zero) para garantir o acordo.
"O Brasil é um país prudente e terá como apresentar essas garantias", disse FHC, sem especificar se o país já adquiriu o montante total dos cupons no mercado secundário. O Brasil poderia ter comprado os papéis, a um preço menor, do próprio Tesouro norte-americano se tivesse obtido o "stand-by" do FMI. Segundo FHC, os títulos estarão depositados no BIS (Bank of Internacional Settlments, o Banco de Compensações Internacionais), na Basiléia, Suíça, na data do fechamento do acordo. Fontes do mercado financeiro, entretanto, atestam que o Brasil já teria comprado esses títulos.
Segundo o ministro, a transação final do acordo da dívida foi "uma operação muito bem-feita, bonita". Mas não quis dizer quando nem como o Brasil comprou os cupons-zero que serão utilizados como garantia para troca dos títulos da dívida brasileira.
O fechamento do acordo, disse, vai facilitar a entrada de financiamento externo. "O risco Brasil vai ter que cair, o 'spread' (diferença cobrada a mais nas taxas de juros) vai ter que cair", afirmou.

Texto Anterior: Para Barelli, deixar cargo não dificulta negociação ; Metalúrgicos da CUT podem entrar em greve; Paraná tenta alternativa à privatização da RFFSA; Itamar demite mais 26 servidores do INSS; Banco Central autoriza reabertura do Paraiban
Próximo Texto: Leia a nota de William Rhodes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.