São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Laser de dentista restaura Notre Dame

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um canhão de raios laser foi apontado para a fachada de um dos símbolos de Paris: a catedral de Notre Dame. A "arma", versão adaptada da usada em tratamentos dentários, vai atacar a sujeira provocada pela poluição nas pedras. A restauração deve durar três anos.
Segundo os inventores franceses do canhão restaurador, os próximos candidatos são o Parthenon, em Atenas (Grécia), as igrejas de Veneza (Itália) e o palácio Sans Souci, em Potsdam (perto de Berlim, na Alemanha).
"Os dentistas têm usado raios laser por muito tempo. Na verdade, a idéia veio daí –se ele funciona em esmalte, por que não tentar na pedra?", disse Jean-Yves Le Corre, curador-chefe da região de Ile de France. "É mágico, mas não é totalmente revolucionário", disse.
Para fazer a demonstração da ferramenta nos portais do século 13 da catedral, um restaurador disparou um raio infravermelho à altura do ombro de uma estátua de uma mulher envolta em tecidos. Um ponto vermelho percorreu a superfície, fazendo a sujeira se desprender da figura e se esvair no ar. A pedra, cor de areia, ficou intacta.
Agora os conservadores têm que decidir como os raios laser podem ser usados em conjunto com os métodos tradicionais –jatos d'água e produtos químicos.
A fachada ornada da catedral, cujas torres têm 75 metros de altura, foi limpa pela última vez na década de 60. Só há agora uma fina camada de poeira –na maior parte causada por poluentes. Mas parte das estátuas em calcário são tão frágeis que a aplicação de água ou produtos químicos poderia danificá-las.
"Não há perigo com o feixe de raios laser. O impacto na poeira é muito poderoso, mas só dura dez bilionésimos de segundo", afirmou Geneviève Orial, cientista do Ministério da Cultura da França.
Especialistas reconheceram que o canhão de raios laser, o primeiro projetado para limpar pedras, poderia danificar a cor das estátuas. Mas os primeiros testes indicam que todas as cores da fachada foram retiradas por restauradores no último século.
O dispositivo, uma caixa cinza de metal com um braço articulado, gasta tanta energia elétrica quanto uma máquina de lavar roupa média, mas custa, segundo os inventores, cerca de US$ 104 mil.

Texto Anterior: MP vai incluir Procons no combate a reajustes
Próximo Texto: Pesquisa refuta hipótese de que os canhotos morram mais cedo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.