São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Cólera em São Vicente confunde os especialistas

GLENDA MEZAROBBA
DA AGÊNCIA FOLHA

Cólera em São Vicente confunde os especialistas
Um dia após a confirmação de duas mortes por cólera em São Vicente (litoral paulista), a Comissão Estadual de Prevenção e Combate ao Cólera ainda tem dúvidas sobre a causa da morte de José Roberto Alves da Silva, 29, e Gelson Alves da Silva, 31. "Ainda não sabemos com certeza absoluta se as duas mortes foram provocadas pelo cólera. Um caso é compatível com o cólera. O outro, o exame de sangue apontou que o paciente tinha leptospirose", disse Otávio Mercadante, presidente da comissão.
As duas primeiras mortes deste ano em São Paulo por cólera contraída no próprio Estado foram confirmadas quinta-feira pela prefeitura de São Vicente. O Ministério da Saúde decidiu considerar as mortes como casos de cólera depois que análises do Instituto Adolfo Lutz confirmaram outros três casos da doença, sendo dois na mesma família dos mortos.
Ontem o instituto divulgou o resultado do exame de sangue de Gelson. O laudo indica "fortemente positivo por leptospirose". Segundo Mercadante, as causas das mortes só poderão ser confirmadas após uma avaliação clínica dos casos com os médicos que atenderam os pacientes. O presidente da comissão afirmou que um caso é considerado compatível "quando existem informações clínicas e epidemiológicas que sugerem o cólera, mas por algum motivo não foi possível fazer o exame de fezes".
Secretários de saúde, representantes da Vigilância Sanitária, da Cetesb e da Sabesp estiveram reunidos ontem com a comissão e com Nilson Páschoa, coordenador de Região de Saúde 5 –que inclui São Vicente, Santos e Cubatão–, em Santos. Para Páschoa, a situação ainda não é de alarme.
Mercadante diz que "provavelmente foi contaminação provocada pela ingestão de peixes e frutos do mar". A população está sendo orientada a consumir estes alimentos cozidos, além de água tratada.
As secretarias de saúde dos três municípios também estão investigando os casos graves de diarréia. Para o combate à doença em São Vicente, a prefeitura está pedindo ao Estado dragas para aumentar a profundidade dos canais e veículos para distribuir material para a população e retirar entulhos.
Segundo Mercadante, a Cetesb tem feito o monitoramento do cólera na Baixada Santista, mas este ano nenhuma das amostras coletadas apresentou resultados positivos em Santos, São Vicente e Cubatão.

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