São Paulo, sábado, 19 de março de 1994 |
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Muçulmanos e croatas assinam paz e federação
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Mas a resposta inicial dos sérvios foi negativa. Momcilo Krajisniki, presidente do autoproclamado "parlamento sérvio" na Bósnia, disse que a federação é "uma criação antinatural". Krajisniki afirmou: "Os que destruíram a ex-Iugoslávia agora estão assinando um ato para recriar a Iugoslávia sob pressão americana e contra seu próprio desejo". Dois documentos foram subscritos ontem: um rascunho de Constituição, que prevê a divisão do território bósnio em cantões similares aos que existem na Suíça, de acordo com a origem étnica da maioria dos habitantes de cada região, e uma declaração de princípios para regular as relações dessa federação com a Croácia. O presidente da Bósnia, o muçulmano Alija Izetbegovic, o presidente da Croácia, Franjo Tudjman, e o líder dos croatas da Bósnia, Kresimir Zubak, estiveram presentes à cerimônia na Casa Branca. Clinton prometeu dar ajuda financeira para a reconstrução da Bósnia e decidiu abrir uma embaixada dos Estados Unidos em Sarajevo, a capital bósnia. A Bósnia está em guerra civil há 23 meses. Sem a concordância da Sérvia e dos sérvios que vivem na Bósnia, qualquer acordo de paz estará fadado ao fracasso. Os Estados Unidos agora pressionam a Rússia para convencer os sérvios, aliados e protegidos de Moscou, a aceitarem pelo menos os princípios dos acordos assinados em Washington. As negociações entre muçulmanos e croatas da Bósnia foram mais rápidas do que a maioria dos observadores previa. Em menos de oito semanas eles chegaram a um entendimento, em conversações conduzidas na embaixada norte-americana em Viena. Mas a oposição sérvia à proposta federação ficou clara ontem também em ações: um comboio de ajuda humanitária da ONU foi atacado por tropas sérvias na Bósnia. Tropas A decisão de Clinton de abrir uma embaixada dos Estados Unidos em Sarajevo significa que, pela primeira vez desde o início do conflito na ex-Iugoslávia, haverá tropas norte-americanas no território bósnio. Pelo menos cem soldados terão que ser deslocados para dar proteção à embaixada em Sarajevo. O embaixador dos Estados Unidos na Bósnia, Victor Jackovitch, que está baseado em Viena, apóia a mudança imediata de seu escritório para Sarajevo. (Carlos Eduardo Lins da Silva) Texto Anterior: Vaticano volta a atacar Teologia da Libertação Próximo Texto: Perigo ainda ronda civis apesar do cessar-fogo Índice |
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