São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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"Whitewatergate"

Vai-se agravando dia a dia o caso Whitewater, que trata do envolvimento do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, com uma empresa suspeita de fraudes e irregularidades. Ao lado do inquérito que já vem sendo conduzido por um promotor especial, o Senado aprovou ontem, por 98 votos a 0, a realização de investigações parlamentares sobre o tema –no equivalente norte-americano da CPI brasileira.
Embora a data do início dessas investigações ainda não tenha sido fixada, a unânime disposição do Legislativo (dominado pelo mesmo Partido Democrata de Clinton) para efetivá-las dá uma idéia das dimensões que o caso vem adquirindo.
No início, as suspeitas referiam-se ao fato de que os Clinton haviam sido sócios da Whitewater, uma falida empresa de construção civil acusada de várias irregularidades contábeis e fiscais. O caso mostrou-se porém cada vez mais complexo, atingindo desde o escândalo das Savings and Loans (tipo de caderneta de poupança) até suspeitas de que o presidente teria favorecido a empresa quando governava o Arkansas e sonegado impostos, além de ter usado a Whitewater como fachada para desviar recursos ilegais para campanhas eleitorais.
A situação agravou-se consideravelmente, no entanto, a partir das aparentes tentativas do Executivo de interferir nas apurações. Documentos relativos à Whitewater foram recolhidos supostamente por ordem de um assessor de Clinton e uma série de conversas entre investigadores do caso e funcionários da Casa Branca acerca do andamento do inquérito tem sido considerada, no mínimo, pouco ética.
Essa suspeita de entravar a investigação –crime no EUA– pode tornar-se o maior problema para o governo. Afinal, como se recorda, Richard Nixon acabou sendo levado a renunciar à Presidência dos EUA no caso Watergate, em 1974, exatamente sob acusação de obstruir o trabalho da Justiça.

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