São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Militares aprovam decisão de Itamar de confrontar Supremo e Congresso

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do presidente Itamar Franco de entrar em confronto com o STF (Supremo Tribunal Federal) e Congresso em função de benefícios salariais instituídos pelas duas instituições foi bem recebida nos quartéis. Insatisfeitos com a diferença salarial dos militares com os funcionários do Judiciário e Legislativo, os militares aplaudiram as críticas aos Dois Poderes.
Na prática, os ministros militares contavam com essa reação das tropas. Alegando riscos de quebra de hierarquia (argumento rotineiro nas reclamações das Forças Armadas junto ao Palácio do Planalto), os ministros do Exército, Zenildo de Lucena, da Marinha, Ivan Serpa, e da Aeronáutica, Lélio Lôbo, consideram que o confronto do Executivo com o Legislativo e Judiciário melhoraria "o psicossocial" dos militares, sobretudo entre as patentes mais baixas, como cabos, sargentos e tenentes.
Clube Militar O presidente do Clube Militar, Nilton Cerqueira, disse que o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, "agiu imperialmente" ao não aceitar os reajustes salariais do Legislativo e do Judiciário. Se ele não admite que o Congresso e o STF adotem outros critérios que não a média dos últimos quatro meses, já interveio na soberania dos poderes". Para Cerqueira, 63, a crise "é superficial". Segundo ele, o STF agiu administrativamente, mas sem considerar a conjuntura nacional. "O STF não julgou se ia agradar ou não a opinião pública. Se fizer isso, acaba a Justiça. Foi um aumento inoportuno pela conjuntura", afirmou. Cerqueira acha que a crise teria um final "simples" se o governo adotasse o critério de repor todas as perdas salariais de todas as categorias até o dia da conversão em URV. O presidente do Clube Militar acha que a crise deve-se a "pigmeus minúsculos eticamente, que não têm a percepção da grandeza das instituições que dirigem".

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