São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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Políticos fazem "guerra de lama"

MARCELO MENDONÇA
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

Este ano, os brasileiros que tiverem pelo menos 16 anos vão votar para escolher um novo presidente da República, governadores de todos os Estados, deputados federais e estaduais e senadores.
Mas boa parte dos políticos que querem esses cargos fazem uma coisa que, se você fizesse em casa, ganharia uns bons puxões de orelha: eles xingam seus adversários.
Em vez de apenas mostrar o que querem fazer de bom para a população, se forem eleitos, esses candidatos acabam fazendo mais força para descobrir ou até inventar defeitos nos outros candidatos.
Isso foi batizado de "guerra de lama": para parecer mais "limpo", um candidato joga "sujeira" nos outros, em vez de provar que é honesto e que tem competência para fazer um bom governo.
A Folhinha procurou vários políticos que são ou podem ser candidatos à Presidência da República para saber a opinião deles sobre esse tipo de agressão. Embora eles condenem o baixo nível (o nível ruim) nas campanhas eleitorais, vários deles trocam ofensas com seus adversários.
Briga aumenta perto das eleições
A eleição começa em 3 de outubro. Quanto mais perto estiver esse dia, mais vezes poderá acontecer de você assistir na TV ou ler nos jornais que o candidato fulano xingou o outro, e que o outro respondeu, e por aí vai...
Pode ser que no mês passado você tenha visto na TV uma briga entre o governador do Ceará, Ciro Gomes, e o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia.
Ciro Gomes, que é do PSDB, falou contra uma aliança (união) entre seu partido e o PMDB de Quércia, que Ciro Gomes chamou de "ladrão".
O ex-governador revidou: chamou Gomes de "ladrão e filho de ladrão", e criticou o governador cearense por usar "brinco na orelha". Muitos homens –adultos ou meninos– usam brinco, mas Quércia deu a entender que Ciro Gomes era "menos homem" por usar esse tipo de enfeite.
Um caso famoso, em que a vida familiar do candidato foi explorada na propaganda política aconteceu no final da campanha presidencial de 1989. Fernando Collor mostrou na TV uma entrevista com Mirian Cordeiro, ex-namorada de Luiz Inacio Lula da Silva. Ela disse que Lula tentou convencê-la a fazer um aborto quando estava grávida de Lurian, filha do candidato petista. Muitos eleitores podem ter recusado o voto a Lula depois disso.

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