São Paulo, domingo, 27 de março de 1994 |
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Reino Unido emperraa expansão da UE
SÉRGIO MALBERGIER
A política, ao invés de ajudar, quase sempre atrapalha. O governo britânico, que sempre defendeu a expansão da UE (União Européia), tornou-se agora uma ameaça à entrada de Áustria, Suécia, Noruega e Finlândia em janeiro próximo. O motivo é político. O primeiro-ministro britânico, John Major, espera ganhar votos e unir o seu Partido Conservador ao defender a "soberania britânica" diante dos "tentáculos europeus". Com a recém-aprovada entrada dos quatro países, o sistema decisório da UE vai mudar. Para vetar qualquer medida no Conselho de Ministros, serão necessários 27 votos, contra 23 anteriormente. Antes bastavam dois países grandes e um pequeno para o veto. Agora, pelo menos dois grandes, um médio e um pequeno. O sistema representativo da UE é desproporcional (ver quadro acima), mas será revisado em 1996. O Reino Unido é apoiado apenas pela Espanha e bate de frente com seus outros parceiros europeus. Alguns já acusam Londres de retardar a união do continente e a perspectiva a médio prazo da entrada de Polônia, Hungria e outros países do Leste Europeu. Major, que sempre assumiu uma postura pró-européia, parece agora querer agradar a significativa bancada eurocética (contrária ao fortalecimento da UE) de seu partido. O premiê tem uma liderança frágil sobre os conservadores e há constantes rumores de um golpe partidário para tirá-lo do posto. Major também espera melhorar as chances eleitorais de seu partido nas eleições do Parlamento Europeu, em 5 de junho, com a bandeira da defesa da "soberania britânica". Mas os britânicos que se dão ao trabalho de votar nas euroeleições são geralmente pró-união. Tanto que os candidatos conservadores para o pleito de junho querem que Major revise sua postura. O assunto ainda seria discutido este fim-de-semana na Grécia e pode se prolongar. O mais provável é que se chegue a uma solução provisória para limpar a cara de Londres, com o veto no sistema anterior sendo permitido em questões queridas aos britânicos. A pergunta que se faz é se vale a pena o desgaste com os colegas da UE e o atraso na sua expansão. Texto Anterior: OEA tenta se revigorar com novo chefe Próximo Texto: México vive a sua pior crise desde 1920 Índice |
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