São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Direita sul-africana cria pátria branca

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 5.000 brancos sul-africanos declararam ontem Pretória como capital de um novo Estado direitista, que ocuparia um terço do território da África do Sul. Segundo os segregacionistas brancos, o ato simbólico deverá se tornar realidade em breve.
"Pretória é propriedade da nação boer (africâner) e não será jamais repartida. É a capital da nova república boer, que está sendo criada agora", disse um dos líderes direitistas, Willie Snyman.
Cerca de 2.500 homens armados marcharam em filas enquanto outros desfilavam com tratores, ônibus e caminhonetes com a bandeira da república boer criada por Paul Kruger no século 19, durante a chamada Guerra dos Boers (entre holandeses e britânicos).
Os africâneres direitistas de hoje são descendentes dos holandeses protestantes que tentaram criar uma república independente na atual Província do Transvaal.
"A nação está determinada a usar todos os meios, mesmo sangue, para reestabelecer sua liberdade e sua própria pátria. Temos a intenção de assumir o governo de nosso Estado independente antes de 27 de abril", disse o líder africâner Ferdi Hartzenberg, autodenominando-se presidente interino da nova república boer.
Os militantes direitistas se recusam a participar das primeiras eleições livres e multirraciais do país, marcadas para 26 a 28 de abril. A atual Constituição provisória não prevê um Estado branco independente. Os direitistas não têm poderes políticos, além de controlar duas pequenas câmaras municipais em todo o país.
Durante a manifestação, a bandeira da África do Sul foi queimada e Hartzenberg falou dos direitistas recentemente mortos pelas forças de segurança. Tropas do Exército invadiram uma favela em Durban (Província de Natal), tentando evitar novos conflitos após uma outra noite de violência.

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