São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Produtor colhe 74 sacas de café por ha

CLÁUDIO LEYRIA
DA FOLHA VALE

O produtor Paulo Amaral Gurgel, 58, de Pindamonhangaba (140 km a nordeste de São Paulo), colheu 74 sacas de café por hectare na safra de 93. A produção é sete vezes superior à média nacional dos últimos anos, de 10 sacas por ha. A média do município é de 30 sacas por ha.
Ex-pecuarista de leite e ex-executivo da indústria Confab, da região, Gurgel comprou, no início da década de 80, terras consideradas de excelente qualidade para o café: são altas, mecanizáveis e há uma aragem soprando constantemente sobre elas.
A Estância do Pinhão, nome da fazenda, tem 110 mil pés de café e é considerada um empreendimento agroindustrial, por industrializar o grão, com estrutura para embalar a vácuo e distribuir o produto.
O produtor mora na fazenda, tem dez funcionários fixos e contrata mais 24 pessoas na época da colheita, prevista para maio. Em 92, a safra da Estância Pinhão foi de cerca de 40 sacas por hectare.
Gurgel disse que a safra de 93 superou as expectativas. "Esperava uma produção de 60 sacas por hectare", diz.
Ele afirma que o grande "segredo" de sua alta produtividade é o aproveitamento do mato que cresce nos cafezais. Segundo ele, o mato é roçado e usado como cobertura para oxigenar o solo e evitar erosão.
Para 94, Gurgel pretende superar a produtividade de 74 sacas por hectare. A razão: o pé de café ainda é novo -tem cinco anos.
O Vale do Paraíba, onde fica Pindamonhangaba, foi o maior produtor de café do país entre meados do século 19 e as duas primeiras décadas do século 20. Depois, a cultura entrou em decadência e foi parcialmente substituída pela pecuária de leite.
Na segunda metade da década de 80, houve nova onda de erradicação do café e da pecuária leiteira, porque os mercados não andavam favoráveis.
Alexandre Afarelli, 32, chefe da Casa da Agricultura de Pindamonhangaba, diz que foi justamente nessa época que alguns agricultores compraram terras, estimulados pelos baixos preços e com uma visão de longo prazo. Gurgel foi um deles.
Dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) mostram a existência de 380 milhões de pés de café no Estado, 24% a menos do que os 500 milhões de pés de dois anos atrás. O parque cafeeiro do Estado teve uma queda de 25% em sua área.

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