São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Gessy Lever aumentou os preços, diz Abilio Diniz

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor-presidente do grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, disse ontem que levantamentos da empresa comprovam que a Gessy Lever e outros grandes fornecedores do varejo entregaram aos supermercados tabelas em URV com preços superiores aos que vinham sendo praticados em cruzeiros reais. Ele não revelou os percentuais.
A afirmação de Diniz visava contestar o assessor especial do Ministério da Fazendo, José Milton Dallari. Anteontem Dallari disse que chamaria os supermercados para explicar aumentos em URV. A declaração do assessor foi feita após reunião com representantes da Gessy e da Bombril.
Nesse encontro, as indústrias informaram seus preços em URV. Segundo Dallari, as listas estavam dentro do fixado pelo governo no Plano FHC –os preços médios dos quatro meses finais de 1994.
Antes do encontro, o governo suspeitava que as duas empresas haviam aumentado preços em até 20% em URV. Diniz disse ter ficado "perplexo" com o comentário de que os problemas poderiam estar no varejo. "Eles não podem posar de anjinhos."
O presidente do Pão de Açúcar disse que convida a empresa e Dallari para conhecer seu levantamento. O Pão de Açúcar tem no computador todos os preços dos fornecedores nos últimos seis meses. "Se eles quiserem vir aqui ao meu escritório e sentarem na frente do meu terminal de computador, podemos resolver essa questão em poucos minutos", afirmou. Ressaltou: faz questão que a Gessy seja representada por seu presidente, Umberto Aprile. "Não falo com outro."
Diniz que citou especificamente a Gessy porque foi a empresa "que apareceu nos jornais". Segundo ele, seu levantamento não deixa margem a dúvidas e que, se for o caso, pode apresentar também as notas fiscais.
Ele afirmou ter recebido uma tabela da Gessy no dia 22 deste mês com o "principal produto deles, o (sabão em pó) Omo", com valor em URV mais alto do que estava em cruzeiros reais nas lojas do grupo. "Eles estão convertendo em URV preços que embutem uma grande margem de segurança. Estão querendo se cobrir de alguma eventualidade. Isso não é correto."
Para negar a acusação de oligopsônio –poucos compradores em um mercado–, Diniz disse que nenhuma rede é muito expressiva.
Diniz criticou "a cara-de-pau de alguns senhores que querem jogar a culpa" nos supermercados. "Não vou assistir a isso passivamente", concluiu. "Nos outros planos os supermercados foram rotulados como meninos maus, o que é inverídico."

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