São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Dêem um tempo ao Luxemburgo, pô!

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Hei, hei, calma aí, minha gente! Já estão querendo a cabeça do Luxemburgo? Dá um tempo, pô! Não que o Luxemburgo seja um gênio da estratégia, uma jóia rara, ou um meticuloso artesão, com séculos de experiência, tipo Telê, que paire acima das críticas e até mesmo da demissão. Nada disso. Mas, que diabo, o moço acabou de ganhar três títulos para um Palmeiras que vinha de uma estiagem de 17 intermináveis anos. Dois deles da maior envergadura: campeão paulista e brasileiro.
Está certo que o Palmeiras investiu e montou um timaço, com, por baixo, dez jogadores em nível de seleção. Mas Otacílio Gonçalves, com material similar, não conseguiu ir além das pernas. Luxemburgo chegou e venceu.
Contudo, embora um supertime, o Palmeiras não é imbatível. Tampouco está jogando contra o vento. Seus adversários mais próximos –Corinthians e São Paulo– também reúnem equipes de primeira linha. Todos têm tradição, torcida e não estão acostumados a derrotas. E tanto o Corinthians quanto o São Paulo viveram momentos de incerteza como o que vive agora o Palestra.
Se até o Santos de Pelé e a Academia de Da Guia perdiam, por que este super-Palmeiras tem que ser absolutamente invencível?
Além do mais, exigir que este Palmeiras repita na atual temporada os feitos do São Paulo no início desta década é não ter olhos para a realidade. Afinal, o tricolor, nos dois anos iniciais, contou com a vantagem de montar um esquadrão no momento em que seus mais ferozes rivais estavam com times de segunda. Quando se igualaram, o São Paulo passou a ter que se contentar com um ou dois dos quatro ou cinco títulos que disputava.
Por fim, em que medida um técnico pode ser culpado da má performance de uma equipe que só joga, que não treina? O trabalho real do treinador acontece exatamente nos treinos. Nos jogos, sua ação é limitada. Ali, a responsabilidade maior passa a ser dos jogadores.
Ah, sim. Não vamos nos esquecer que estamos às vésperas da Copa do Mundo, um evento que sensibiliza a todos. Muito mais aos jogadores que, como quase todo o time palestrino, têm sólidas esperanças de estar lá entre os melhores do mundo.
Na verdade, se o amigo der uma repassada na performance dos nossos selecionáveis, haverá de verificar que quase todos estão produzindo aquém de sua capacidade. Ora, se o Palmeiras é a maior concentração de convocáveis, obviamente nele essa ação negativa é mais evidente.
Além do mais, substitua-se Luxemburgo. Muito bem. E por quem? Só se for por um mágico ou um feiticeiro. Os que assim eram conhecidos –Helenio Herrera e Fleitas Solich–, infelizmente, já não podem atender ao chamado.

Uma pena que o presidente Pimenta tenha trocado o São Paulo por uma secretaria da prefeitura. Pela sua atuação magnífica à frente do tricolor, era uma reserva valiosa para quem quer o futebol tocado por desportistas competentes, que saibam manter-se o mais longe possível da política. Uma pena, repito. Gostaria de ver Pimenta na presidência da Federação ou da CBF. Agora, nem pensar.

Cabreiro com Romário, que se esquivou de servir à seleção, quem sabe, para manter intocada a sua imagem de herói das eliminatórias, Parreira mandou um aviso a Edmundo: que se recupere logo para ser convocado durante a preparação. Pois Edmundo não tem lugar cativo na seleção, não.

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