São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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Problemas começaram em dezembro

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de candidatura presidencial do prefeito Paulo Maluf começou a naufragar em dezembro do ano passado, quando o prefeito esperava estar consolidado como única alternativa a Luiz Inácio Lula da Silva. Não conseguiu. O pior ocorreu em fevereiro último, quando o PFL começou a costurar um acordo com o PSDB de Fernando Henrique Cardoso.
Maluf iniciou a administração na prefeitura, em janeiro de 93, planejando deslanchar um plano de obras que o credenciaria, no final do ano, como o "prefeito que mais fez obras em apenas um ano de administração", segundo suas próprias palavras.
Achava, até ali, que a imagem de empreendedor o embalaria como o "anti–Lula". Para isso, endividou a administração a níveis que opositores consideram preocupantes. A cada atividade externa, uma equipe de TV do publicitário Duda Mendonça o acompanhava, em busca de imagens que pensava em exibir no programa de TV do PPR no horário gratuito durante a campanha presidencial.
Em dezembro, porém, a constatação que era óbvia a quase todos os políticos do PPR: a administração era avaliada majoritariamente como regular, contrariando a aposta de Maluf, que achava possível credenciar-se novamente como administrador em tão pouco tempo.
Pouco antes, Maluf pavimentara a candidatura com um sucesso aparente: romarias de políticos de outros Estados e partidos a seu gabinete, todos animados com a perspectiva de uma candidatura presidencial do prefeito, transformaram o até então pequeno PPR, criado para dar sustentação ao vôo maior de Maluf, na terceira maior bancada do Congresso.
Fevereiro, no entanto, derrubou de vez o sonho. O governador baiano Antônio Carlos Magalhães (PFL), anunciou, em entrevista à Folha, que queria uma aliança de seu partido com FHC. O plano de Maluf era superar a fragilidade do PPR no Nordeste com a adesão dos pefelistas.
Maluf ainda tentou reverter a tendência do PFL. Passou a telefonar para seguidores que tem naquele partido, pedindo para que o acordo fosse dinamitado pela base. Constatou que ACM detém o controle da máquina pefelista.
A partir daí, apostou em PTB e PP para dar sustentação a uma postulação que sabia não poder ser apresentada como individual. Verificou que ali também a preferência era por FHC.
Em março, colaboradores começaram a receber recados de empresários malufistas. Diziam que o prefeito não teria a colaboração habitual, caso insistisse na candidatura. A avaliação desse setor empresarial é que o candidato para barrar Lula á FHC.
A manifestação contrária à candidatura da apresentadora Hebe Camargo, a face mais conhecida do malufismo, foi a senha para que mais seguidores externassem a inconveniência da candidatura.

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