São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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PPR tenta convencer Passarinho ou Amin

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a saída do páreo de Maluf, abre-se um dilema para o PPR. Há no partido a avaliação de que o partido não resistirá a uma campanha sem um candidato a presidente da República.
Na reunião em que decidiu ficar fora da eleição, Maluf sugeriu que a candidatura fique ou com o senador Esperidião Amin (SC) ou com o senador Jarbas Passarinho (PA).
Amin, aparentemente, gostou da idéia. "Se alguém disser que essa é uma eleição difícil, digo que gosto de coisas impossíveis", afirmou Amin. O senador é favorito disparado na disputa pelo governo de Santa Catarina, mas não parece irremovível sua decisão de apostar no mais seguro.
"Disputar a Presidência da República seria um salto no escuro, mas um fantástico salto no escuro", afirmou.
Esperidião é, de fato, o candidato de Maluf. Passarinho, apesar do respeito do prefeito, não tem relações próximas com Maluf.
Tanto que foi o único dos líderes do PPR que em nenhum momento participou das articulações para tentar viabilizar a candidatura Maluf. Pesa sobre o senador paraense, aliás, a suspeita de simpatia pela candidatura do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Passarinho resiste mas não descarta a hipótese de vir a disputar a Presidência da República. "A palavra irredutibilidade não existe em política", afirmou ontem.
Por enquanto, Passarinho diz que tem "um compromisso com o Pará". Sua candidatura ao governo paraense foi lançada anteontem.
As pressões para que Passarinho dispute a Presidência já começaram. Nas poucas horas em que ficou no Congresso anteontem, ele recebeu apelos para concorrer. Passarinho sabe que a mesma pressão é exercida sobre Amin.
O senador catarinense apresenta uma vantagem sobre Passarinho, além de ser mais próximo de Maluf: Amin tem mais quatro anos de mandato no Senado, para onde poderia voltar se perdesse a sucessão de Itamar Franco.
Uma hipótese, ainda que remota, fazia o PPR sonhar ontem. O afastamento de Maluf poderia reabrir a possibilidade de aliança com o PFL, que, no momento, prefere uma coligação com o PSDB.
O nome do prefeito paulistano, no entender de alguns de seus seguidores, afastava o PFL porque o partido surgiu justamente de setores do antigo PDS que se negaram a apoiar sua candidatura contra a de Tancredo Neves em 84, no Colégio Eleitoral.
A reunião
Maluf abriu a reunião com os líderes do PPR, anteontem à noite em Brasília, com os números de pesquisas que encomendara e cujos resultados desaconselhavam sua saída da prefeitura.
E ponderou a falta de coligações e não se disse disposto a correr o risco de uma derrota que poderia encerrar sua carreira política.
Depois do relato, constrangeu os interlocutores ao indagar se ainda assim queriam que ele se candidatasse. Apenas Passarinho insistiu na saída da prefeitura, mas foi vencido pelos argumentos de que um revés significaria o final da vida política do maior líder do PPR.
Outra possibilidade que se abre para o partido é um acordo dissimulado com Quércia. Na prática, a simples desistência de Maluf abriu ao peemedebista o valioso eleitorado do interior paulista, base de sustentação do quercismo e onde Maluf rivaliza com o ex-governador na disputa por votos.
Uma corrente do PPR tende, caso não saia a candidatura própria, a apostar em FHC, seguindo setores empresariais que sustentam algumas campanhas da legenda.
Mas a avaliação preliminar aponta que o maior beneficiado da retirada de cena do prefeito é mesmo Quércia. Nos últimos dias, o comentário mais comum entre os malufistas é que o virtual candidato do PMDB será a supresa da eleição presidencial.
Tanto pela fama de Quércia de ser "bom de campanha" quanto pela aparente falta de concorrência que terá agora em São paulo, o maior colégio eleitoral do país. Carlos Eduardo Alves)

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