São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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Por que Fernando Henrique?

TASSO JEREISSATI

É possível que a saída de Fernando Henrique Cardoso da Fazenda para disputar a eleição presidencial seja questionada ou até criticada por adversários. No entanto, o PSDB só instou o ministro da Fazenda a tomar essa decisão depois de uma profunda e demorada avaliação sobre as alternativas que poderiam ser apresentadas ao país.
A candidatura de Fernando Henrique Cardoso surge como o único projeto concreto para o país. O programa de estabilização da economia é a base de uma proposta de mais longo alcance que tem como objetivo final erradicar a miséria, reduzir as desigualdades e construir um país socialmente justo.
Os candidatos postos até agora não se dedicaram a apresentar um programa concreto para o país. Ou ainda estão polemizando em seus partidos ou ameaçando os adversários. Não acenam com uma proposta que represente uma nova perspectiva para o país.
A candidatura do PSDB surge, então, com esse propósito. Não é antininguém. É a favor do diálogo, é ampla, despreconceituosa. É bom que se recorde que há meses o PSDB vem tentando entendimentos com outros partidos em busca de uma aliança em torno de um projeto de governo, alicerçada nos princípios de moralidade e seriedade no trato da coisa pública.
Nós do PSDB conversamos com representantes do PT. Mas esse partido já tinha seu candidato e ficou claro que buscava tão-somente uma adesão a esta candidatura e a um programa que ainda não existe. Ficou evidente sua profunda discordância com o programa econômico do PSDB.
Com o PMDB tentamos uma aliança com uma ala do partido que, tudo indica, agora, é minoritária e sem condições de levar adiante os entendimentos. O PSDB conduziu as conversas sem a obsessão de ter candidato próprio, propondo, inclusive, em determinado momento, abrir mão da indicação da cabeça de chapa.
Nosso propósito é continuar tentando alianças –sempre em termos elevados e que não impliquem o loteamento de cargos ou comprometa a sua marca de seriedade, de respeito à coisa pública, longe do clientelismo e do fisiologismo, de modo a eliminar a prática da barganha como moeda política.
O Brasil cansou de retórica. Nossos problemas são gravíssimos e não é mais possível convivermos com discursos bonitos mas nulos na ação.
Fernando Henrique Cardoso mostrou ao país que é possível fazer mudanças politicamente ousadas, sem surpresas do dia para a noite, ainda que os políticos duvidem. É daí que nasce a força dessa candidatura: alguém que cumpre o que promete e que demonstra a capacidade de negociar politicamente suas propostas sem se afastar dos princípios que a norteiam.
Para que cheguemos à estabilidade econômica e à efetiva retomada do desenvolvimento, é preciso que tenhamos um comandante ao mesmo tempo respeitado e com credibilidade, firme em suas convicções, um político hábil, que não afugente nenhum setor da sociedade, mas, ao contrário, que seja capaz de somar.
A candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência é única garantia de que o programa econômico terá continuidade e avançará em seus objetivos maiores. O plano será conduzido agora pelo ministro Rubens Ricupero, com o mesmo apoio firme do presidente Itamar Franco.

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