São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Governador liberta presos antes de deixar cargo

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Dois dias antes de se desincompatibilizar para disputar as eleições de outubro, o governador Antônio Carlos Magalhães (PFL), 66, libertou ontem quatro pessoas que estavam presas há mais de um mês na sede da Delegacia de Polícia de Salvador (BA).
Segundo Antônio Carlos Magalhães, a decisão mostra o seu "inconformismo com a Justiça, que é muito lenta e favorece os mais ricos, que podem pagar bons advogados".
O delegado José Magalhães disse que concorda com a decisão do governador. "Em 20 anos de carreira, nunca prendi uma pessoa rica."
Segundo o governador baiano, outros 150 presos também foram libertados ontem no interior. A delegacia escolhida por Antônio Carlos para soltar os presos é uma das maiores de Salvador.
Um dos presos libertados é o cearense Moacir de Souza Lopes, 37, acusado de roubar um pacote de bolacha no supermercado. "Roubei porque estava havia dois dias sem comer."
Domingo Jesus Correia, 19, acusado de roubar um botijão de gás, deixou a 7ª DP chorando. "Minha mãe não tinha dinheiro para comprar o gás." Os outros dois presos libertados por ACM foram: Jaime de Jesus, 29, e João Roberto Ferreira de Souza, 20.
Nilo Coelho
Quando assumiu o governo há três anos, Antônio Carlos Magalhães disse que até o final de sua administração colocaria na cadeia o ex-governador Nilo Coelho, do PMDB, seu adversário político. ACM acusou o ex-governador de cometer diversas irregularidades.
Coelho disse que as denúncias são infundadas e que ACM está desesperado: "Ele não conseguiu provar nada contra a minha administração." Sobre a decisão de soltar os presos, Nilo afirmou: "Antônio Carlos Magalhães mandou soltar seus colegas", disse o ex-governador.

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