São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Luiz Henrique renuncia se Quércia vencer

TALES FARIA; GILBERTO DIMENSTEIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
O presidente do PMDB, deputado federal Luiz Henrique (SC), comunicou esta semana às principais lideranças do partido que irá deixar o comando do PMDB se o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia for escolhido candidato do partido a presidente da República.
Luiz Henrique foi eleito presidente do PMDB no ano passado com o apoio de Orestes Quércia, e em oposição ao líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS).
Porém, desde a CPI do Orçamento, que envolveu os deputados quercistas Genebaldo Corrêa (BA) e Manoel Moreira (SP) no escândalo sobre a desvio de verbas do Orçamento, Luiz Henrique se afastou do ex-governador paulista e se aliou ao chamado "grupo ético" do PMDB.
Sem saída
A provável vitória de Quércia no partido deixou os opositores a sua candidatura praticamente sem opção nas próximas eleições.
Eles tendem a apoiar a candidatura do tucano Fernando Henrique Cardoso, mas não podem anunciar esse apoio, sob pena de serem acusados pelos quercistas de traírem o PMDB.
A aproximação de FHC com o PFL e agora com o PPR deixou esse grupo –em sua maioria vindo do chamado "grupo autêntico" do antigo MDB– em pior situação.
"Eu agora não trato mais de sucessão. Está tudo muito confuso", afirma Pedro Simon. Seus motivos: "No PMDB eu não tenho nada a ver com o Quércia. E fora do partido estou vendo uma estranha aliança conservadora."
Vasconcellos
O prefeito de Recife, Jarbas Vasconcellos, foi a primeira vítima do renascimento quercista no PMDB. No início da semana, ele abandonou sua candidatura ao governo de Pernambuco.
Vasconcellos disse a Luiz Henrique, a Pedro Simon e o deputado Antônio Britto (PMDB-RS) –seu preferido para concorrer a presidente da República– que desistiu para não ser obrigado a subir no mesmo palanque de Quércia.
O prefeito de Recife já comunicou ao presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que irá votar em Fernando Henrique para presidente da República.
Outro membro da cúpula peemedebista abatido pelo quercismo é o líder do PMDB na Câmara, Tarcísio Delgado (MG). Ele disputa com Newton Cardoso e José de Alencar a vaga de candidato do PMDB ao governo de Minas Gerais.
"Sou um homem de partido e não posso fazer campanha para ninguém de outro partido. Mas agora que a vitória do Quércia é iminente, tenho que admitir que não me sinto entusiasmado", afirma Delgado.

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