São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Equipe agora propõe o real em 1º de junho

SÔNIA MOSSRI; GUTEMBERG DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Equipe agora propõe o real em 1.º de junho
Data da nova moeda foi discutida em reunião com Ricupero, mas novo ministro se mostra cauteloso sobre prazo
SÔNIA MOSSRI
GUTEMBERG DE SOUZA
A equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso propôs ao novo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, a implantação do real em 1º de junho. Na terça-feira, Ricupero anunciará as "características" da passagem para a moeda.
Depois de desautorizar FHC na noite de quarta-feira com relação ao anúncio feito pelo ex-ministro de "regras cambiais e monetárias" na terça-feira, Ricupero procurou ontem negar qualquer mal-entendido entre os dois.
Ricupero disse ontem em entrevista em sua casa, no Lago Sul (região nobre de Brasília), que FHC "havia mencionado a idéia de fazer algum tipo de comentário sobre as características para passar para a fase três (criação do real".
Também o ex-ministro Fernando Henrique Cardoso minimizou o episódio. Ele considerou o assunto "conversa fiada". E comparou com situação idêntica que teria vivido assim que assumiu a Fazenda: "Quando me tornei ministro, houve uma tentativa para que eu brigasse com o presidente. Agora é com o Ricupero, uma pessoa da minha amizade. Não é por aí."
Durante jantar na casa de Ricupero na noite de quarta-feira, os principais elaboradores do plano FHC disseram que a adesão a URV (Unidade Real de Valor) está evoluindo no ritmo esperado, o que permitiria a criação do real já em junho.
Cauteloso, Ricupero afirmou ontem que "houve uma conversa geral" sobre a implantação da nova moeda mas negou qualquer estudo sobre a antecipação do real.
Ele observou que as regras de passagem para o real ainda não estão concluídas. "A parte jurídica vai requerer muito tempo", comentou o novo ministro.
Já na terça-feira, Ricupero disse que submeterá ao presidente Itamar Franco as linhas gerais da passagem para a nova moeda. No mesmo dia, ele toma posse em solenidade no Palácio do Planalto.
Edmar Bacha (assessor especial), Winston Fritsch (secretário de Política Econômica), Milton Dallari (assessor especial), Clóvis Carvalho (secretário-executivo), Gustavo Franco (diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central) e Pérsio Arida (presidente do BNDES) fizeram uma radiogradia do plano FHC.
Ricupero afirmou que Dallari informou que fez uma "avaliação positiva" da adesão dos agentes econômicos à URV. Ele apresentou ao ministro pesquisa realizada no Rio Grande do Sul que mostra a adesão de 66% dos empresários gaúchos ao novo indexador.
Dallari também comunicou ao novo ministro que o emprego da URV está crescendo em São Paulo. Além disso, a equipe de FHC avaliou junto a Ricupero que os índices de preços já registram sinais de queda, o que deverá se refletir na inflação de abril.
Um dos principais pontos do plano discutido com Ricupero e a equipe de FHC é a autorização para que as instituições financeiras captem em URV. A equipe avalia que somente após a plena aceitação da URV o Banco Central autorizará o lançamento de CDBs com o novo indexador.

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