São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Aliados tentam driblar grupo de Juiz de Fora

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ministros da Fazenda, Rubens Ricupero, do Planejamento, Beni Veras, da Indústria e Comércio e Turismo, Élcio Alvares, e da Previdência, Sérgio Cutolo, são os aliados do ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, no governo para tentar evitar interferências do grupo de Juiz de Fora no plano econômico de estabilização.
Esses quatro ministros temem que o grupo de Juiz de Fora influencie o presidente da República, Itamar Franco, na adoção de medidas que comprometam o programa de estabilização e, por isso mesmo, inviabilizem a candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Planalto.
Ricupero, Veras, Alvares e Cutolo já acertaram o argumento que será utilizado junto ao presidente Itamar Franco para salvar o plano econômico de estabilização de prováveis alterações defendidas pelo grupo de Juiz de Fora, sobretudo do presidente da Telerj, José de Castro.
Os quatro ministros vão enfatizar junto a Itamar que o presidente tem a chance única de ganhar popularidade mediante a queda da inflação e, além disso, fazer o seu próprio sucessor ao apoiar integralmente o Plano econômico do ex-ministro Fernando Henrique Cardoso.
FHC conta até mesmo com suporte dos ministros do Exército, Zenildo de Lucena, da Aeronáutica, Lélio Viana Lobo, da Marinha, Ivan Serpa, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Arnaldo Leite Pereira, e do secretário de Assuntos Estratégicos, Mário César Flores.
Apesar de insatisfeitos com os cortes no Orçamento das Forças Armadas e dos baixos salários da tropa promovidos pelo Plano FHC, os ministros militares confidenciam que preferem Fernando Henrique Cardoso no Planalto em vez de Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT.
A maior preocupação dos aliados de Fernando Henrique é que as declarações do ex-ministro gerem mal-estar no Planalto. Os tucanos estão aconselhando FHC a não dar entrevistas afirmando que continua conduzindo o programa econômico.
A primeira fase de implantação do real é considerada a mais problemática pelo PSDB, partido do ex-ministro.
Com o objetivo de coibir especulações e reduzir a demanda pela nova moeda, a equipe econômica da Fazenda terá que subir as taxas juros.
Juros altos não são facilmente digeridos pelo presidente Itamar e são alvo de críticas do grupo de Juiz de Fora.

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