São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Problemas dos planos diretores

EDMUNDO WERNA

O descontrolado crescimento urbano tem sido frequentemente apontado como causa da multitude de problemas que infestam as cidades dos países em desenvolvimento. Visando alterar esta situação, tem havido um grande investimento em planejamento urbano.
Veja-se, por exemplo, o aparato criado nas maiores cidades brasileiras nas últimas décadas; e a Constituição de 1988, que obriga também as cidades menores (mais de 20 mil habitantes) a planejarem o seu crescimento.
O planejamento urbano tem sido geralmente executado através de planos diretores. Porém, tais planos tem uma série de deficiências, que incluem demasiada ênfase em aspectos físicos, rigidez (dificuldade de adaptação a alterações decorrentes do processo de crescimento urbano), projeções financeiras e populacionais não realísticas, grande tempo para elaboração do plano, entre outros.
Porém, apesar de seus problemas, os planos diretores foram largamente usados durante este século, e ainda são dominantes nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Por que isto acontece?
Um ou mais dos seguintes fatores geralmente está presente em uma cidade cujo crescimento é guiado por um plano diretor. Primeiro, a formação profissional dos próprios urbanistas é fortemente embasada em planejamento arquitetônico/físico. Segundo, o plano diretor pode servir a interesses políticos, sem grandes gastos. Um plano bem apresentado graficamente e bem divulgado dá a impressão à população de que algo de concreto está sendo feito.
Finalmente, o plano diretor pode servir a interesses particulares de diversos agentes como firmas de consultoria, engenharia, administradores públicos. O processo de elaboração de um plano muitas vezes é compartimentalizado, o que permite a cada agente dar prioridade a interesses próprios sem interferência de terceiros.
É importante implementar métodos de planejamento mais abrangentes e dinâmicos, que não priorizem apenas aspectos físicos, e que tenham flexibilidade para se adaptar a mudanças e surpresas. É também importante conscientizar a população sobre os problemas dos planos diretores, que podem não ser visíveis em mapas bem apresentados graficamente.

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