São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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O Brasil dos nossos sonhos

NEWTON CAVALIERI

Acentuou-se, de tempo para cá, o coro das vozes que defendem a necessidade de maior tranparência nas relações entre o poder público e a iniciativa privada, tendo como corolário o fortalecimento da economia de mercado. Nunca é demais recordar que esta bandeira, muito antes de tornar-se reivindicação quase de alcance nacional, foi e continua sendo uma das mais fortes bases programáticas do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo, aprimorada e defendida ao longo destes 25 anos de existência da entidade.
Durante este período, foram muitos os trabalhos e contribuições técnicas elaborados pelo sindicato e remetidos a autoridades no sentido de ampliar o debate e fixar posições sobre temas tidos como imprescindíveis para a modernização do Estado brasileiro e o aparelhamento da sociedade como um todo com vistas ao ingresso do país no concerto das nações que se preparam para enfrentar os desafios dos próximos anos.
A CPI do Orçamento foi apenas um primeiro passo, mas pode vir a se constituir em marco desta nova era nas relações entre governo e iniciativa privada. A grande alavanca, entanto, encontra-se nas mãos dos congressistas e passa necessariamente pela reforma constitucional, sem a qual fica mais difícil e demorado atingir estes objetivos.
É imperioso que o Congresso tenha coragem e desprendimento para mudar o Brasil, alterando diretrizes arcaicas e tornando mais eficazes e claras as medidas saneadoras, bem como o emprego dos recursos públicos naquelas áreas básicas inerentes a função do Estado, como educação, saúde, segurança e infra-estrutura, aí incluindo habitação e saneamento. Desnecessário enfatizar os problemas e as injustiças decorrentes da deformação deste papel, sedimentado ao longo de anos, mas que hoje clama por um ponto final.
Que sejam atribuídos à iniciativa privada os ônus e os lucros da atividade empresarial, com todos os riscos intrínsecos, dentro de regras estáveis que permitam ao empreendedor planejar e avaliar com precisão o alcance das decisões que vier a tomar, sem ser surpreendido pelas mudanças abruptas e impositivas das mesmas que, muitas vezes, levam empresas à insolvência.
É este o quadro que urge modificar. Sem isto estaremos destinados a atirar na vala comum da história com letras minúsculas o expressivo potencial da nação e as esperanças de milhões de brasileiros que anseiam por mudanças, sabem como ativá-las, mas permanecem tolhidos, manietados mesmo, por leis retrógradas, representação política inadequada e toda sorte de conluios e distorções que se apossaram do poder público à revelia da sociedade.
Por um Brasil moderno, equânime com todos os cidadãos, com distribuição de renda dentro da doutrina cristã, que privilegia educação e oportunidades para todos e, acima de tudo, transparente e para quem trabalha e produz, é a nossa luta e de todo o segmento econômico da construção pesada. Pretendemos levá-la adiante até que se estruture no país o sonho de todos.

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