São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
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Jovem larga marido para trabalhar em 'karaokê'

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem sempre mulheres brasileiras acabam se envolvendo involuntariamente com a prostituição no Japão, como provam os anúncios oferecendo garotas publicados em revistas eróticas daquele país.
Vindas principalmente do interior do Estado de São Paulo, algumas vêm utilizando o recurso de se casar com um "nikkei" (descendente de japonês nascido fora do país) para obter visto de prazo maior que os 90 dias normalmente concedido para os turistas.
Os nikkeis podem obter o visto de trabalho temporário que permite até três anos de estada no Japão. Essa possibilidade é extensiva às suas mulheres.
Algumas vezes, o casamento entre um descendente de japonês e uma brasileira que quer trabalhar no Japão é um contrato explícito, de alguma maneira vantajoso para as duas partes. Outras vezes não.
O nikkei Paulo Kanno, 21, que mora em Londrina (PR), casou-se em abril de 91 com a estudante M.R.S., por quem estava apaixonado. O casamento ocorreu menos de um mês depois do início do namoro. Conforme o combinado, o casal viajou para o Japão logo depois da lua-de-mel.
No dia 8 de junho, já em Tóquio, receberam os vistos de trabalho temporário. No dia 9, um dia depois, portanto, M.R.S. desapareceu de casa sem deixar aviso.
Kanno, preocupado, acionou a polícia, o Ministério das Relações Exteriores e o consuldo brasileiro.
Só depois de conversar com uma amiga da mulher é que eles se convenceu de que ela o havia abandonado. A amiga, cujo nome ele prefere não revelar, contou a ele que M.R.S. estava trabalhando em uma boate em Tóquio, fazendo programas.
Kanno se divorciou e voltou para o Brasil. M.R.S. continua no Japão. Segundo sua irmã, Valdirene, a garota trabalha em um karaokê, onde "ninguém é obrigada a transar com os clientes".

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