São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Poucos surfistas têm projeção mundial

ROBERTO PIERANTONI
DA "FT"

"Se tivesse me dedicado ao estudo, tivesse feito uma faculdade, dificilmente conseguiria aquilo que já consegui com o surfe." Esta frase do surfista de Ubatuba (233 km a leste de São Paulo), Mariano Tucat, 21, reflete bem o que passa na cabeça de uma legião de garotos que fazem do surfe sua profissão.
Mariano mora sozinho e se sustenta desde os 15 anos de idade. Ele já conheceu lugares do mundo que a maioria das pessoas daria tudo para conhecer como Bali, Havaí, Europa, Austrália, Caribe, México e Califórnia. E melhor ainda, ele faz aquilo que mais gosta de fazer na vida: surfar.
"Sei que o estudo é muito importante para a formação de qualquer jovem, mas compensei minha saída prematura da escola, na oitava série, conhecendo muitas culturas e línguas", diz o surfista, que ganha cerca de US$ 1,8 mil por mês entre salário e prêmios. "Que outra profissão me daria um ganho desses com a idade que tenho?", indaga Mariano.
Outro surfista que desde pequeno trabalhou para alcançar um lugar de destaque no surfe profissional mundial é o paulista radicado em Matinhos (PR) Peterson Rosa. Hoje, com 19 anos, ele disputa sua segunda temporada no World Championship Tour (WCT), a primeira divisão do Campeonato Mundial de surfe.
Peterson é sinônimo de sucesso na profissão e o mais jovem entre os 44 surfistas ranqueados no WCT. Ele chega a ganhar US$ 5 mil por mês para competir nas ondas de todos os continentes. E se diz mais realizado profissionalmente do que se "tivesse virado doutor".
Mas a vida de surfista profissional não é só um mar de rosas, ou de tubos. Primeiro porque apenas alguns poucos conseguem a projeção tão sonhada no esporte. "Sem talento, é impossível chegar a um lugar de destaque no surfe e realmente ganhar um bom dinheiro", lembra Mariano. Segundo porque o surfista leva uma vida nômade. "A gente leva uma vida dentro de avião, carro, hotel, e isso as vezes cansa."
Vale lembrar também que a carreira de surfista é curta como a de um jogador de futebol. Com algumas raras exceções, poucos atletas conseguem se manter entre os melhores do mundo depois de 30 anos de idade. "Por isso, é bom se dedicar ao surfe desde muito cedo, levar a profissão com seriedade e ganhar o máximo de dinheiro o mais breve possível", diz Mariano.

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