São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ricupero diz que vai impedir abuso de preço

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, afirmou ontem em Brasília que o governo vai utilizar os instrumentos legais existentes para impedir os abusos de preços. Ele disse que é contrário a intervenções ou congelamentos.
Em São Paulo, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) concorda que Ricupero use "somente em casos exepcionais" e em "situações emergenciais" a redução das tarifas de importação para combater os aumentos abusivos de preços.
Segundo a medida provisória de criação da URV, o aumento abusivo ocorre quando um preço é convertido à URV por um valor superior à sua média nos últimos quatro meses do ano passado.
Além da legislação para punir o abuso de preços, o ministro lembrou que o governo pode reduzir impostos de importação. Ele disse, ainda, que o assessor para preços, Milton Dallari, está conversando com os empresários.
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, espera que não seja necessária a redução das tarifas de importação. "Esse é um remédio amargo que pode ter efeitos colaterais nocivos para a indústria nacional", disse.
Depois de afirmar que não é favorável a congelamentos ou intervenções, o ministro Ricupero disse ainda que a sociedade deve saber que as regras não serão mudadas.
Segundo Ricupero, os decretos sobre tarifas públicas e contratos deverão ser divulgados nos próximos dias. Essas medidas ainda dependem de conversas internas do Ministério da Fazenda e com os ministros das Minas e Energia e das Comunicações.
Ricupero disse que pretende ficar o máximo do tempo em Brasília. Ele designou o presidente do Banco Central, Pedro Malan, através de decreto, para representá-lo na reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Guadalajara, México, neste final de semana. Ricupero está estudando se irá à reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional) ainda este mês.
Ricupero só tem uma viagem confirmada: em outubro, na assembléia do Fundo, em Madri (Espanha). "Imagino que até lá a batalha contra a inflação já esteja ganha".
Em discurso na reunião da Sociedade Consular de São Paulo, o presidente da Fiesp tornou a responsabilizar o governo pelas dificuldades na adoção da URV.
"Há problemas porque o próprio governo não dá o exemplo, adiando a conversão das tarifas e preços públicos em URV", disse. "As tarifas e preços públicos são componentes de custos importantes, e a sua não conversão em URV constitui um fator de insegurança", disse.
Moreira Ferreira disse também que o "potencial desagregador" de um ano eleitoral coloca em dúvida o sucesso do plano de estabilização. "A experiência mostra que será praticamente impossível separar o plano de estabilização da campanha presidencial, o que, certamente, tornará tudo muito mais difícil", disse.

Texto Anterior: Dia começa com missa
Próximo Texto: Betinho confessa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.