São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Porto Rico foge do mau-caratismo das telas

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DO ENVIADO ESPECIAL AO CARIBE

O que é um porto-riquenho? Se você assiste filmes norte-americanos, como todos assistem, o tipo vem rapidamente: um sujeito mal-encarado, ensebado, barba por fazer, violento, bêbado e interessado em te dar algum golpe. Se for mulher, pode até ser sedutora, mas está na cara que não presta. Talvez nem para uma noite.
Se porto-riquenhos são assim, imagine Porto Rico: uma ilha minada, suja e perigosa, com certeza.
Se a realidade dependesse do cinema americano para existir, estaríamos fritos: San Juan, capital de Porto Rico, é um lugar encantador, alegre, colorido, movimentado, cheio de bares e cafés charmosos, galerias de arte, bom comércio e muita gente bonita pelas ruas.
É um dos pontos altos no cruzeiro do FiestaMarina. E num dos quais, sem dúvida, o navio deveria permanecer mais tempo. Porto Rico não é uma simples ilhota paradisíaca meio perdida no mapa, com belas nativas, rum, tabaco, coqueiros e mosquitos –embora esses ingredientes são encontrados.
Estado-Associado aos EUA, a pouco mais de duas horas de vôo de Miami, a ilha não é só natureza na veia. San Juan é uma cidade com uma área moderna desenvolvida, que convive com praias sempre bonitas e um centro histórico de se tirar o chapéu.
Viejo San Juan, com suas ruelas, casarões e ladeiras, pode lembrar Salvador. Não tem a mesma eloquência, mas é forte, energético, envolvente. A arquitetura espanhola está bem-conservada e é reutilizada por estabelecimentos variados ou para moradia. A cidade tornou-se capital em 1521 –o segundo mais antigo assentamento europeu no Novo Mundo.
O "must" do centro histórico é o Passeio da Princesa e a Fortaleza –a mais antiga sede de governo ainda em utilização no Ocidente.
Toda a região antiga pode ser percorrida a pé, com agradáveis interrupções em bares e cafés. Há também "trenzinhos" grátis que circulam pelos pontos históricos. São abertos e alegres.
Embora Viejo San Juan ofereça hospedagem de qualidade, a maior parte do turismo concentra-se na área moderna da cidade, em Condado ou Isla Verde. Há hotéis para vários bolsos, dos luxuosíssimos à beira-mar aos médios, na linha standard norte-americana. E para os "players", há o incontornável fascínio dos cassinos.
Conhecida também sediar a fábrica de rum Bacardi –a marca mais famosa do mundo, embora os especialistas indiquem o Dom Q como o mais apreciável do país–, Porto Rico não se limita a San Juan. Há "resorts" em áreas mais selvagens e a região de cabo Rojo oferece as melhores praias.
Fora do circuito turístico oficial, há passeios por ilhas quase desertas, onde não é preciso disputar lugar ao sol e gasta-se pouco para alugar uma casa de pescador. Se você prefere acreditar no cinema americano, ok. Se não, não perca: Porto Rico é, acredite, o máximo.(Marcos Augusto Gonçalves)

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