São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994 |
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O reggae é o único ritmo caribenho a invadir os EUA
HERBERT VIANNA
Isso me fez pensar na razão pela qual os sons do Caribe, embora em alguns períodos tenham se tornado "moda" nos EUA, nunca chegaram a ser assimilados. Qualquer que seja a resposta, há uma quase-exceção à regra: hoje a canção que lidera a parada de singles nos EUA é "I Saw the Sign" do grupo escandinavo Ace of Base, que trabalha sobre "grooves" de reggae eletrônico. Eu digo quase-exceção porque, embora vindo do Caribe, o reggae é cantado em inglês. Foi, em seu primeiro momento, o ska, tradução local para o r&b que embalava as tropas americanas ali baseadas nos anos 50. No seu segundo momento, um rock-steady. Uma música voltada para a massa, para os grandes "sound-systems" que competiam pela atenção do público nas ruas, e que para atrair mais gente, obrigaram seus donos a montar os primeiros estúdios de gravação e produzir material original. Devido à carência de recursos e de conhecimento, encontraram formas novas e criativas de trabalho no estúdio. Tudo é reprocessado: músicas de sucesso são constantemente regravadas ou alteradas (remix), recebem textos e crônicas atuais dos DJs da moda (rap), e, em casos mais peculiares, surgem discos em que a mesma base instrumental serve para dez cantores diferentes. Um outro conceito que se dissemina agora no Brasil e que já é antigo na indústria jamaicana é o dos selos independentes. Qualquer pessoa que tenha condição de gravar uma canção e prensar 500 cópias terá condição de lançar seu selo. Esta peculiaridade faz da Jamaica o país com maior produção musical per capita do mundo. Para iniciados e iniciantes é imperativo conseguir uma cópia da compilação "Tougher than Tough: The Story of Jamaican Music". Em quatro CDs e no livreto que os acompanha se tem um panorama do ritmo que projetou Bob Marley. Texto Anterior: Porto Rico foge do mau-caratismo das telas Próximo Texto: Toda hora é hora de navegar pelo Caribe Índice |
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