São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Falta de compradores adia leilão da Cobra

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O leilão da Cobra Computadores, marcado para hoje, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, foi adiado por falta de compradores.
A decisão do presidente Itamar Franco de exigir o pagamento em dinheiro de 10% do resultado do leilão foi considerada no mercado como o principal motivo do fracasso da venda da estatal.
Os consultores que avaliaram a empresa, liderados pela Consultora Máxima, havia recomendado a não exigência de moeda corrente no leilão.
Na próxima segunda-feira, a Comissão Diretora do programa de privatização decide se marca um novo leilão.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização, entende que haverá compradores se for marcado um novo leilão.
Ontem, no banco, a culpa pelo adiamento também era atribuída à decisão do presidente.
Durante o processo de preparação da venda da empresa, os grupos Nacional, Unisys, Labor, Montreal e o banco Adolpho Oliveira, além do Banco Itamarati, manifestaram interesse, mas ontem, ninguém se qualificou.
Segundo Ricardo Viana, diretor do Banco Itamarati, o leilão da Cobra era normalmente complicado, mas a decisão de Itamar Franco "inviabilizou de vez".
O Banco Itamarati é participante e coordenador de um dos grupos interessados na Cobra.
Viana considera também que foi pequeno o prazo de seis anos com um de carência dado para o pagamento da dívida com o Banco do Brasil que vencia este ano.
A Cobra iria a leilão por um preço mínimo de US$ 8,7 milhões para 63% do seu capital. O leilão seria considerado válido se conseguisse vender 80% do total ofertado, equivalentes a 51,06% do capital da empresa.
A Cobra foi a estatal criada para liderar o processo de instalação de uma indústria de informática no Brasil, protegida pela lei de reserva de mercado. Hoje ela tem 1.300 empregados.
Desde o fim da reserva, durante o governo Collor, a empresa vem se tornando basicamente uma prestadora de serviços. Segundo cálculos dos consultores que avaliaram a empresa, seu quadro de pessoal adequado seria de 470 pessoas.
Além da dívida com o Banco do Brasil, seu principal acionista, a Cobra tem um passivo trabalhista de US$ 4 milhões e um contencioso tributário de US$ 7 milhões, originado basicamente de não recolhimento de Imposto de Importação.

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