São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Real terá reservas como lastro

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Rubens Ricupero disse ontem que as reservas cambiais do país, atualmente calculadas em US$ 35 bilhões, serão utilizadas como o lastro da nova moeda, o real.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, voltou a afirmar que o regime cambial do real ainda não foi definido. "O assunto está sendo discutido e será divulgado pelo ministro no momento oportuno".
Malan afirmou que "algum tipo de ancoragem cambial existirá". Ele disse que o lastro, de uma maneira informal, já existe, através da atuação do Banco Central.
Sobre o Orçamento de 94, o ministro Ricupero disse que deve ficar pronto em 15 dias, apesar da greve dos funcionários da Secretaria do Orçamento Federal.
O ministro disse que o novo secretário, Edney de Rezende Moura, vai convocar os funcionários para terminar o serviço. Se eles não retornarem, serão chamados técnicos de outros ministérios.
Debate
Durante debate com os economistas Adroaldo Moura da Silva, João Sayad, Daniel Dantas, Luiz Paulo Rosenberg, o presidente do BC afirmou que "o governo não está perdido" por não ter definido ainda a data de introdução do real e seu regime cambial.
Malan acha "saudável" que haja uma discussão pública sobre o tema. Segundo ele, "o governo está se beneficiando dessa troca de idéias".
Para Adroaldo Moura da Silva, o plano de estabilização deveria começar pela definição de uma moeda lastreada e a taxa cambial teria que ser fixa.
Daniel Dantas acredita que condições para a implantação do plano "nunca foram tão boas". Segundo ele, "no desenho o plano é brilhante, mas difícil de executar". Para Luiz Paulo Rosenberg, o atual plano "enfrenta três grandes dificuldades: o caráter político que o rodeia, a demanda por reindexação da sociedade e a precariedade da situação fiscal".
João Sayad acha que o período de transição do plano foi uma solução habilidosa. Mas critica "a excessiva importância dada à característica inercial da inflação".

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