São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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Corregedoria acha 'caixinha' de 60 PMs

MARCELO GODOY; MARCUS FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

MARCUS FERNANDES
A Corregedoria da PM está investigando a montagem de um esquema de segurança privada com dinheiro e homens do 21º Batalhão da PM para policiar as praias do Guarujá (SP). Ao todo, cerca de 60 policiais são suspeitos no caso.
O chefe da PM na Baixada Santista, coronel Jorge Raimundo da Silva, foi convocado ontem às pressas para dar explicações sobre o esquema à corregedoria.
Além dele, o tenente-coronel Antônio Maria Claret, comandante do 21º Batalhão, foi chamado para depor. A Coordenação de Comunicação Social da PM negou que os dois estejam detidos.
Claret é apontado por um relatório da corregedoria como o líder do esquema, que teria movimentado cerca de US$ 500 mil entre dezembro de 93 e fevereiro passado.
Segundo o relatório, todos os oficiais do 21º Batalhão (cerca de 15) estariam envolvidos. A corregedoria apurou que durante o verão foi organizado no batalhão uma escala paralela de serviço.
Na escala, os PMs deveriam trabalhar como "fiscais de praias". Eles receberiam dinheiro de empresários (através da Prefeitura do Guarujá), vales-refeições e diárias alimentação pagas pelo Estado.
A justificativa desse trabalho seria um suposto convênio entre o 21º Batalhão e a Prefeitura. O relatório, porém, afirma que a PM e a Secretaria de Segurança desconhecem a existência do convênio.
A corregedoria apurou que o pagamento aos PMs era feito por oficiais que controlavam a "caixinha". Sempre em dinheiro e sem recibo, os policiais seriam aconselhados pelos oficiais a não depositar o dinheiro em bancos.
O comandante da PM, coronel Francisco Profício, determinou a abertura de inquérito para apurar o o desvio de verbas públicas. Os soldados confirmaram a existência do esquema ao depor.
Na manhã de ontem, sete oficiais teriam sido detidos no Guarujá. Eles foram levados para a sede da corregedoria em São Paulo.
O tenente-coronel Adílson Cola, sub-chefe da PM na Baixada Santista classificou a investigação de "averiguação administrativa".
A Folha procurou o prefeito do Guarujá, Ruy Gonzales, ontem à tarde. Sua assessoria informou que ele estava em uma reunião na secretaria de governo.

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