São Paulo, sábado, 9 de abril de 1994
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O São Paulo não se resume ao futebol

ELCIO ROBERTO SARTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Acompanhei com profundo respeito e máximo interesse as verdadeiras monografias tricolores subscritas por dois dos mais ilustres são-paulinos –Ives Gandra da Silva Martins e Antonio Claudio Mariz de Oliveira– brilhantes juristas dos quais me considero discípulo e me orgulho de ser amigo.
Verifiquei, em ambos os textos, que as respectivas colocações, antagônicas pela própria posição política interna dos mesmos, demonstram o profundo conhecimento que possuem do São Paulo Futebol. Ocorre que em tais inteligentes e claras assertivas esqueceram-se do São Paulo Clube cujos frequentadores das dependências sociais e de esportes amadores vivem da esperança e da ilusão de que sejam cumpridas as promessas faraônicas pré-eleitorais. E quedam-se, sempre, inertes e frustrados, porque, encerrado o processo eleitoral, os projetos megalômanos são imediatamente engavetados.
Não mencionaram, os ilustres articulistas, o total abandono físico e logístico do clube, pois até mesmo eles, deixaram se ofuscar pelo brilho com que o time de futebol vem se havendo nos últimos tempos, como fruto do trabalho realizado nas dependências do Centro de Treinamento que, como diz muito propriamente Mariz, não retrata a atuação de um ou dois dirigentes, mas de toda uma coletividade.
O clube não é nem sombra do propalado e elogiado exemplo administrativo que o futebol representa e ostenta, com performance de melhor equipe do planeta.
Isso porque, para os dirigentes, fundamentalmente, os direitos dos associados simplesmente não existem.
Esta é a razão porque, em fato inédito na história do clube, sete chapas concorrem ao Conselho Deliberativo, sendo seis de oposição, sinal de insatisfação interna.
É certo que não há condições de se frequentar o clube pois suas instalações estão em total abandono e deterioração, vítima do completo descaso e absoluta insensibilidade dos atuais dirigentes.
E, exatamente hoje, dia da Assembléia Geral de Associados, é que os seus membros têm a chance única de reverter tão nefasto quadro, votando e elegendo aqueles que restabeleçam o equilíbrio destinando às atenções devidas a todos os setores do clube para que, verdadeiramente, em futuro muito próximo, possam se orgulhar em usufruir daquele padrão administrativo tão propalado. O São Paulo não é só futebol, é Futebol Clube.

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