São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
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Favela México 70 registrou 5 casos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE

Criada em 1970, durante a Copa do Mundo de Futebol no México, a favela México 70 registrou este ano cinco casos de cólera. Anteontem, a doença matou W.S., 2.
Segundo dados do censo realizado em 91 pelo IBGE, a favela tem pouco mais de 16 mil habitantes. Estimativas feitas pela prefeitura no ano passado elevam este número para 60 mil.
A rede de esgoto é inexistente. A quantidade de palafitas (casas construídas sobre pilares) é grande, mas não há um levantamento exato do número.
Para o secretário de Planejamento, Sérgio Avancine, a favela está entre as dez maiores do Brasil. Ela conta com um único posto de saúde, que prioriza o atendimento de crianças. O posto tem dois pediatras. Não existe um clínico geral para atender os adultos.
As doenças de maior incidência na favela são tuberculose, esquistossomose, hepatite, meningite e doenças diarréicas.
As três creches da favela foram construídas por iniciativa dos próprios moradores da México 70.
Elas vivem de doações e da renda de bailes e forrós promovidos pela comunidade. Muitas crianças passam os dias brincando nos mangues, uma das principais fontes de contaminação e propagação do embrião do cólera.
Maria José Rodrigues Pinto, 47, criou há quatro anos a creche comunitária Estrela do Amor.
Sem ajuda financeira de órgãos oficiais, tia Maria, como é chamada pelas 102 crianças que vivem na creche, organiza campanhas e eventos para arrecadar dinheiro.
Maria José diz estar "bem informada" sobre o cólera e que tenta evitar que "as crianças brinquem no mangue para não pegarem a doença." (CV)

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