São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
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Marsiglia começa a treinar para Copa

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Renato Marsiglia, 42, único juiz brasileiro que apitará a Copa do Mundo, inicia amanhã um programa de treinamento físico para estar em forma quando se iniciarem os jogos em junho, nos EUA.
Ele contratou, na última sexta-feira, o preparador físico José Haroldo Loureiro Gomes, conhecido como Arataca, que o preparou para a seleção dos árbitros, feita em Dallas (EUA) em março.
Marsiglia disse que torcerá para ver o Brasil campeão, mesmo que isso o tire da arbitragem da final.
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Folha - Apitar a Copa era uma meta desde quando?
Renato Marsiglia - Quando entrei para o quadro da Fifa, em 91, coloquei isso como meta, como motivação profissional. Com a redução do limite de idade dos árbitros de 50 para 45 anos, muitos juízes experientes deixaram o quadro. Daí vislumbrei a possibilidade de apitar a Copa.
Folha - Como costuma se preparar física e tecnicamente?
Marsiglia - Corro cerca de 7 km por dia e, no fim da tarde, jogo tênis. Contratei novamente o Arataca. O condicionamento para apitar a Copa é diferente do trabalho que foi feito para minha seleção. Agora vamos levar em conta fatores como alimentação e clima.
A parte técnica, eu mantenho conversando com colegas de todo o Brasil, com os instrutores da Fifa. Um bom exercício é correr dentro de um campo de futebol, simulando situações de uma arbitragem, como correr de costas, olhar para as laterais, dar pique para acompanhar um suposto contra-ataque.
Folha - Quem influenciou mais sua carreira?
Marsiglia - Armando Marques, marco da arbitragem brasileira, Arnaldo César Coelho e José Roberto Wright, meu amigo particular, responsável pelo fato de eu ter trocado a arbitragem de basquete pela do futebol.
Folha - Qual a postura que adotará em campo nos EUA?
Marsiglia - Não devo mudar a característica. Nossa conduta punirá o antijogo, a violência, o tempo perdido. O árbitro não será um espectador, será um participante ativo, preservando os jogadores de talento. Carrinho por trás dará expulsão. A barreira terá que manter a distância de 9,15 m. Nesse ponto, o juiz que falhar será mandado mais cedo para casa, segundo nos advertiu o Paolo Casarin, membro do Comitê de Arbitragem da Fifa.
Folha - Sonha apitar a final?
Marsiglia - Prefiro ver o Brasil na final. Até para melhorar a auto-estima dos brasileiros.
Folha - Que acha da seleção de Carlos Alberto Parreira?
Marsiglia - Tem condições de ser campeã. Vou torcer.

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