São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Prostituição faz o Japão restringir vistos

DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento do número de mulheres que vai ao Japão para se prostituir fez com que o governo daquele país decidisse aumentar as condições para obtenção de visto.
A partir do dia 18, vai ser mais difícil ir ao Japão, pelo menos para quem não embarca para lá na condição de turista.
Entre os documentos que o consulado geral do Japão em São Paulo vai passar a exigir, no caso de mulheres que viajam casadas com japoneses, está o atestado de residência do marido no Japão.
Outra exigência do consulado será a apresentação do "kosseki" do marido, espécie de histórico de vida que todos os japoneses têm registrado em cartório.
A exigência da apresentação de um maior número de documentos para tirar visto visa, principalmente, evitar a entrada de mulheres que se casam "por contrato", obtêm o visto de permanência, se separam do cônjuge e se prostituem.
Em relação às brasileiras (o casamento por contrato já era comum entre japoneses e mulheres asiáticas), o fenômeno começou a ser notado no Japão no início do ano passado.
Para poder permanecer no Japão por um prazo maior que os 90 dias normalmente concedidos para os turistas, elas se casam com nikkeis (descendentes de japoneses estabelecidos fora do Japão) ou com japoneses, frequentemente ligados a atividades de prostituição.
Uma vez conseguido o documento, separam-se do marido e passam a trabalhar em casas de massagem e boates. Chegam a ganhar até US$ 6 mil por mês.
O consulado geral do Japão em São Paulo não tem dados sobre o número de mulheres brasileiras que estão trabalhando como prostitutas no Japão.
Shigenobu Yada, vice-cônsul daquele órgão, afirma que, do início do ano passado para cá, recusou 13 pedidos de visto –cinco diziam respeito a mulheres que estavam indo ao Japão por causa de seus "maridos".
"Ficamos convencidos de que se tratavam de casamentos de contrato", afirma. Mas esse reduzido número de recusas ainda não traduz a realidade.
A maioria das pessoas que tem visto para o Japão negado é barrada ainda na primeira "peneira", quando passam pelo atendimento por funcionários não graduados."Eles recusam a concessão do visto nos casos mais óbvios", afirma o vice-cônsul.

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