São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Betinho e a esperança; Emenda; Linchamentos; De coragem e covardia; PSDB, práticas e alianças; Democracia sem pão; Terror petista

DE CORAGEM E COVARDIA

Betinho e a esperança
"Os comentários de Gilberto Dimenstein e Janio de Freitas sobre a doação do jogo do bicho recebida por Betinho são pertinentes, relevantes e oportunas. Ninguém pode acusar Betinho de ter se locupletado com dinheiro público, de ter enriquecido ilicitamente, nem mesmo de ter usado uma parcela daquele dinheiro em proveito pessoal. Graças a tudo o que Betinho representa, podemos ter ainda esperança de construir um país melhor."
Sérgio Arouca, deputado federal pelo PPS-RJ (Brasília, DF)

Emenda
"Solicito o obséquio de retificar a notícia veiculada na edição de 4/04, sob o título 'Denise Frossard recebeu a denúncia'. Cabe a necessária emenda na parte em que se afirma que: 'A juíza ouviu o relato dos três informantes e encaminhou o caso à Procuradoria Geral do Estado, a quem cabe a realização de investigação'. A competência funcional das procuradorias gerais dos Estados cinge-se à 'representação judicial e consultoria jurídica das respectivas unidades federadas' (art. 132 da Constituição da República), não lhes sendo outorgadas atribuições relativas a diligências investigatórias e à instauração de inquéritos policiais. A referência do jornal, por certo, se dirige à Procuradoria Geral da Justiça."
Marcus de Moraes, procurador-geral do Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Linchamentos
"Reporto-me ao artigo intitulado 'Guia do linchamento perfeito', de autoria do ilustre professor Paulo Sérgio Pinheiro (7/04). Relativamente à conclusão dada ao texto, cumpre-me informar que o Ministério da Justiça torna público anteprojeto de lei dispondo 'sobre a responsabilidade penal, civil e administrativa em decorrência de ofensa aos direitos humanos', cujo conteúdo tipifica como crime, entre outras condutas, 'participar da prática de linchamento', sugerindo-se a pena de reclusão de dois a cinco anos como sanção para essa ilicitude. Importante acrescentar que a publicação do referido anteprojeto tem o objetivo de colher sugestões, para seu aperfeiçoamento, de instituições e de pessoas, cujo prazo expira no próximo dia 15. Tal atitude, frise-se, tem sido dominante no Ministério da Justiça desde o início da gestão do ex-ministro Maurício Corrêa."
Jair de Farias, chefe da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Justiça (Brasília, DF)

"Dia 9 de abril, fui vítima de um feroz ataque de seu articulista de Brasília Gilberto Dimenstein, quando pinçou trechos do que escrevi nessa mesma Folha no dia anterior, criticando as leviandades do padre Júlio Lancelotti. Ao escrever sobre referido padre, apontei sua forma escandalosa e sensacionalista de acusar, sem dar nomes e generalizando sempre. Gilberto destacou que 'o deputado estadual Afanasio Jazadji que, como radialista notabilizou-se pela defesa do extermínio de marginais ou supostos marginais'. Pena que ele não conheça nadinha de minha história. Quanto à minha atividade política, Gilberto, acredite, não precisarás pagar nenhum ingresso para me ver em palanques com José Serra, Fernando Henrique, Mário Covas e outros ilustres homens públicos. Vale muito mais os homens se aglutinarem em torno de muitos pontos comuns e positivos de identificação, ainda que em partidos diferentes, do que se distanciarem em função de alguns poucos pontos de divergências. Quando ainda nem sabia que Gilberto Dimenstein existia, era o Afanasio aqui, colega dos colegas e amigo dos verdadeiros amigos, quem levava o saudoso Henfil ao Serviço Secreto do Dops, para garantir que seu hoje festejado irmão Betinho poderia voltar tranquilo para o Brasil, com plenas garantias de liberdade e segurança pessoal. Outra coisa que não posso engolir, articulista Gilberto: meus inimigos pessoais e até adversários políticos me acusam de muitas coisas, mas jamais recebi –e não seria agora, de você– o rótulo de 'covarde', pois arremessada a pecha aí da longínqua Brasília, através de fax ou telex, chega a me provocar risos a sua 'valentia via Embratel'... Meu desafio continua valendo para o padre Lancelotti: forneça-me os nomes dos policiais, civis ou militares, que exploram a prostituição infantil, locais onde isso acontece que, junto com o padre e quem mais ele queira, como membro efetivo da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, terei não coragem pessoal, mas a obrigação que meu cargo exige para diligenciar, apurar, denunciar e ajudar, uma vez mais, a colocar no xadrez esses bandidos."
Afanasio Jazadji, líder do PFL na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação – Leia a resposta do jornalista Gilberto Dimenstein em sua coluna à pág. 1-2.

PSDB, práticas e alianças
"É isso aí, Gilberto Dimenstein! Sua indignação quanto à aliança tucana com ACM é o desabafo de muitos leitores e eleitores que acompanharam a fundação do PSDB e estiveram atentos ao discurso ético desse partido."
Sérgio Schuindt da Silva (São Paulo, SP)

"Eleitores de Covas em 89, sempre sonhamos com uma aliança entre a 'esquerda' do PSDB e a 'direita' do PT, que liderasse, enfim, a mudança social, democrática e trabalhista que o Brasil persegue há pelo menos três décadas. Assim, é com profunda decepção que assistimos a provável aliança tucana com o PFL. Resta a esperança de que a 'esquerda' do PSDB tenha o escrúpulo de não aceitar essa união."
Leo Cunha, seguem-se mais duas assinaturas (Belo Horizonte, MG)

"Longe das benesses, mas perto do pulsar das ruas, nasceu o PSDB. Longe do pulsar das ruas, mas junto dos conchavos, agoniza o PSDB."
Wanderlei Amorim (Florianópolis, SC)

"Ao escolher Walter Barelli como vice, Mário Covas repete o mesmo erro anterior de não ouvir as bases de seu partido e o interior do Estado, correndo o sério risco de novamente perder as eleições. Sugerimos prévias."
Caio Augusto Marcondes Figueiredo (Pindamonhangaba, SP)

Democracia sem pão
"O empresariado constitui-se numa espécie de Primeiro Estado. Legislativo e Judiciário elaboram e aplicam leis de interesse daquele grupo e para manter o status quo. São o Segundo Estado. A nós, o povo –Terceiro Estado–, a democracia garante apenas o direito de gritar: Não temos pão!"
Luís Roberto Studart Soares (Fortaleza, CE)

Terror petista
"Lula, atenda ao povo brasileiro, sinta as suas reclamações e não aterrorize a classe média. Mostre que você não é bicho-papão e tem boa cabeça para tirar o povo da miséria."
Tito Livio Fleury Martins, ex-secretário de imprensa do prefeito Jânio Quadros (São Paulo, SP)

Corporativismo
"Vivem atacando o que supõem errado no país, inclusive o corporativismo. Não há, no entanto, nada mais corporativista do que jornalistas."
Aldo Scarpelli (São Paulo, SP)

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